Mateus – Versão Atualizada da Bíblia King James

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS


Cap. 1 - A linhagem real de Cristo

(Lc 3.23-28)

1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão:

2 Abraão gerou Isaque, Isaque gerou Jacó, Jacó gerou Judá e seus irmãos,

3 Judá gerou Perez e Zera, de Tamar; Perez gerou Esrom; Esrom gerou Arão.

4 Arão gerou Aminadabe; Aminadabe gerou Naassom; Naassom gerou Salmom,

5 Salmom gerou Boaz, de Raabe, e Boaz gerou Obede, de Rute; Obede gerou a Jessé.

6 Jessé gerou o rei Davi, e o rei Davi gerou a Salomão, daquela que foi mulher de Urias1;

7 Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa,

8 Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Uzias;

9 Uzias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias;

10 Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amom; Amom gerou Josias;

11 Josias gerou Jeconias e a seus irmãos no tempo em que foram levados cativos para a Babilônia.

12 Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel;

13 Zorobabel gerou Abiúde; Abiúde gerou Eliaquim, e Eliaquim gerou Azor;

14 Azor gerou Sadoque; Sadoque gerou Aquim; Aquim gerou Eliúde,

15 Eliúde gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã, Matã gerou Jacó;

16 Jacó gerou José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, denominado o Cristo.2

17 Portanto, o total das gerações é: de Abraão até Davi, quatorze gerações; de Davi até o exílio na Babilônia, quatorze gerações; e do exílio na Babilônia até Cristo, quatorze gerações.


 

A linhagem divina de Cristo

(Lc 2.1-7)

18 O nascimento de Jesus Cristo ocorreu da seguinte maneira: Estando Maria, sua mãe, prometida em casamento a José, antes que coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo.

19 Então, José, seu esposo3, sendo um homem justo e não querendo expô-la à desonra pública, planejou deixá-la sem que ninguém soubesse a razão.

20 Mas, enquanto meditava sobre isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do SENHOR, dizendo: "José, filho de Davi, não temas receber a Maria como sua mulher, pois o que nela está gerado é do Espírito Santo.

21 Ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados".4

22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o SENHOR havia dito através do profeta:

23 "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e Ele será chamado de Emanuel", que significa "Deus conosco".5

24 José, ao despertar do sonho, fez o que o Anjo do SENHOR lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua mulher.

25 Contudo, não coabitou com ela enquanto ela não deu à luz o filho primogênito. E José lhe colocou o nome de Jesus.



Cap. 2 - A visita dos sábios do Oriente

1 Após o nascimento de Jesus em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes, eis que alguns sábios vindos do Oriente chegaram a Jerusalém.1

2 E, indagavam: "Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Pois do Oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo".2

3 Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado e toda a Jerusalém com ele.

4 Tendo reunido todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo.3

5 E eles lhe responderam: "Em Belém da Judéia, pois assim escreveu o profeta:4

6 'Mas tu, Belém, da terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá; pois de ti sairá o Guia, que como pastor, conduzirá Israel, o meu povo'".5

7 Então Herodes, chamando secretamente os sábios, interrogou-os exatamente acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.

8 Mandou-os a Belém e disse: "Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e quando o achardes, comunicai-me, para que também eu vá e o adore".

9 Após terem ouvido o rei, seguiram o seu caminho, e a estrela que tinham visto no Oriente foi adiante deles, até que finalmente parou sobre o lugar onde estava o menino.

10 E vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo.

11 Ao entrarem na casa, encontraram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram. Então abriram seus tesouros e lhe ofertaram presentes: ouro, incenso e mirra.6

12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, retornaram para a sua terra, por outro caminho.


 

A fuga para o Egito

13 Depois que partiram, eis que um anjo do SENHOR apareceu a José em sonho e lhe disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito. Permanece lá até que eu te diga, pois Herodes há de procurar o menino para o matar".

14 José se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito.

15 E esteve lá até a morte de Herodes. E assim se cumpriu o que o SENHOR tinha dito através do profeta: "Do Egito chamei o meu filho".7

16 Quando Herodes percebeu que havia sido iludido pelos sábios, irou-se terrivelmente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e em todas as circunvizinhanças, de acordo com as informações que havia obtido dos sábios.

17 Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias:

18 "Ouviu-se uma voz em Ramá, pranto e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, pois já não existem".8


 

O retorno para Israel

19 Após a morte de Herodes, eis que um anjo do SENHOR apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe:

20 "Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam tirar a vida do menino".

21 Então, José se levantou, tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.

22 Mas, ao ouvir que Arquelau estava reinando na Judéia, em lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Contudo, tendo sido avisado em sonho por divina revelação, seguiu para as regiões da Galiléia.

23 Ao chegar, foi viver numa cidade chamada Nazaré. Cumpriu-se assim o que fora dito pelos profetas: "Ele será chamado Nazareno".9



Cap. 3 - João Batista prepara o caminho

(Mc 1.2-8; Lc 3.1-18; Jo 1.6-8,19-36)

1 Naqueles dias surgiu João Batista pregando no deserto da Judéia; e dizia:

2 "Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está próximo".1

3 Este é aquele que foi anunciado pelo profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR, endireitai as suas veredas".

4 João tinha suas roupas feitas de pêlos de camelo e usava um cinto de couro na cintura. Alimentava-se com gafanhotos e mel silvestre.

5 A ele vinha gente de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a província adjacente ao Jordão.

6 Confessando os seus pecados, eram batizados por João no rio Jordão.

7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?2

8 Produzi, sim, frutos que mostrem vosso arrependimento!

9 Não presumais de vós mesmos, dizendo: 'Temos por pai a Abraão'; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode gerar filhos a Abraão.

10 O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.

11 Eu, em verdade, vos batizo com água, para arrependimento; mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

12 Ele traz a pá em sua mão e separará o trigo da palha.3 Recolherá no celeiro o seu trigo e queimará a palha no fogo que jamais se apaga".


 

O batismo de Jesus

(Mc 1.9-11; Lc 3.21,22; Jo 1.32-34)

13 Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João.

14 Mas João se recusava, justificando: "Sou eu quem precisa ser batizado por ti, e vens tu a mim?"

15 Jesus, entretanto, declarou: "Deixe assim, por enquanto; pois assim convém que façamos, para cumprir toda a justiça". E João concordou.

16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele.

17 Em seguida, uma voz dos céus disse: "Este é meu Filho amado, em quem muito me agrado".



Cap. 4 - Jesus é tentado pelo Diabo

(Mc 1.12,13; Lc 4.1-13)

1 Jesus foi então conduzido pelo Espírito, ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.

2 Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.

3 O tentador aproximou-se então dele e disse: "Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães".

4 Jesus, porém, afirmou-lhe: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus'".1

5 Então o Diabo o conduziu à Cidade Santa, e colocou-o sobre a parte mais alta do templo e desafiou-lhe:

6 "Se tu és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: 'Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e com as mãos eles te susterão, para que jamais tropeces em alguma pedra'".2

7 Contestou-lhe Jesus: "Também está escrito: 'Não tentarás o SENHOR teu Deus'".3

8 Tornou o Diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo em todo o seu esplendor.

9 E propôs a Jesus: "Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.

10 Ordenou-lhe então Jesus: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: 'Ao SENHOR, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás'".4

11 Assim, o Diabo o deixou; e eis que vieram anjos, e o serviram.


 

Jesus inicia seu ministério

(Mc 1.14-20; Lc 4.14-32; 5.1-11)

12 Jesus, entretanto, ouvindo que João estava preso, voltou para a Galiléia.

13 E, deixando Nazaré,5 foi habitar em Cafarnaum, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali.

14 Assim cumprindo-se o que fora dito pelo profeta Isaías:

15 "Terra de Zebulom e terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios!6

16 O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; e aos que estavam detidos na região e sombra da morte, a luz raiou".

17 Daquele momento em diante Jesus passou a pregar e dizer: "Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus!".

18 E, caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Jesus dois irmãos: Simão, chamado Pedro e André que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.

19 Então, disse-lhes Jesus: "Vinde após mim, e Eu vos farei pescadores de homens".

20 Eles, imediatamente deixaram suas redes e seguiram Jesus.

21 Seguindo adiante, viu Jesus outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu e João, seu irmão, que estavam no barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os.

22 Eles imediatamente deixaram o barco e seu pai para seguirem a Jesus.

23 E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e males entre o povo.

24 E sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe, então, todos aqueles que sofriam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos. E Jesus os curava.

25 E uma grande multidão da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e de além do Jordão seguia a Jesus.



Cap. 5 - O sermão do monte

(Lc 6.20-29)

1 Jesus, vendo as multidões, subiu a um monte e, assentando-se, os seus discípulos aproximaram-se dele.

2 E Jesus, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:

3 "Bem-aventurados1 os pobres2 em espí-rito, pois deles é o Reino dos Céus.

4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

5 Bem-aventurados os humildes, porque herdarão a terra.3

6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.

7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.

9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.

10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

11 Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

12 Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.


 

O cristão deve ser sal e luz

13 Vós sois o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, com o que se há de temperar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo. Uma cidade edificada sobre um monte não pode ser escondida.

15 Igualmente não se acende uma candeia para colocá-la debaixo de um cesto. Ao contrário, coloca-se no velador e, assim, ilumina a todos os que estão na casa.

16 Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.


 

A Lei se cumpre em Cristo

17 Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Eu não vim para anular, mas para cumprir.

18 Com toda a certeza vos afirmo que, até que os céus e a terra passem, nem um i4 ou o mínimo traço se omitirá da Lei até que tudo se cumpra.

19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos Céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos Céus.

20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.

21 Ouvistes que foi dito aos antigos: "Não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo".5

22 Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo. Também qualquer que disser a seu irmão: Racá, será levado ao tribunal. E qualquer que o chamar de idiota estará sujeito ao fogo do inferno.6

23 Assim sendo, se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

24 deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua oferta.

25 Entra em acordo depressa com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho do tribunal, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, o juiz te entregue ao carcereiro, e te joguem na cadeia.

26 Com toda a certeza afirmo que de maneira alguma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.7


 

Adultério no coração

27 Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'.

28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela.

29 Se o teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é mais proveitoso perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado no inferno.

30 E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti; pois te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.


 

O casamento é sagrado

31 Foi dito também: 'Aquele que se divorciar de sua esposa deverá dar a ela uma certidão de divórcio'.

32 Eu, porém, vos digo: Qualquer que se divorciar da sua esposa, exceto por imoralidade sexual, faz com que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério.


 

Votos e juramentos

33 Também ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente teus juramentos ao Senhor'.

34 Entretanto, Eu vos afirmo: Não jureis de forma alguma; nem pelos céus, que são o trono de Deus;

35 nem pela terra, por ser o estrado onde repousam seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.

36 E não jures por tua cabeça, pois não tens o poder de tornar um fio de cabelo branco ou preto.

37 Seja, porém, o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar disso vem do Maligno.8


 

Jamais use a vingança

38 Ouvistes o que foi dito: "Olho por olho e dente por dente".

39 Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas se alguém te ofender com um tapa na face direita, volta-lhe também a outra.

40 E se alguém quiser processar-te e tirar-te a túnica, deixa que leve também a capa.

41 Assim, se alguém te forçar a andar uma milha, vai com ele duas.

42 Dá a quem te pedir e não te desvies de quem deseja que lhe emprestes algo.9


 

Ame os que o odeiam

43 Ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo'.

44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;

45 para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.

46 Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim?10

47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de notável? Não agem os gentios também dessa maneira?

48 Assim sendo, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus.



Cap. 6 - Como viver no Reino

1 Guardai-vos de fazer a vossa caridade e obras de justiça diante dos homens, com o fim de serem vistos por eles; caso contrário, não tereis qualquer recompensa do vosso Pai que está nos céus.

2 Por essa razão, quando deres um donativo, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão.

3 Tu, porém, quando deres uma esmola ou ajuda, não deixes tua mão esquerda saber o que faz a direita.

4 Para que a tua obra de caridade fique em secreto: e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.


 

A oração modelo

5 E, quando orardes, não sejais como os hipócritas, pois que apreciam orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem admirados pelos outros. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão.

6 Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente.

7 E, quando orardes, não useis de vãs repetições, como fazem os pagãos; pois imaginam que devido ao seu muito falar serão ouvidos.

8 Portanto, não vos assemelheis a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe tudo de que tendes necessidade, antes mesmo que lho peçais.

9Por essa razão, vós orareis:

Pai nosso, que estás nos céus!

Santificado seja o teu Nome.

10 Venha o teu Reino.

Seja feita a tua vontade,

assim na terra como no céu.

11 Dá-nos hoje o nosso pão diário.

12 Perdoa-nos as nossas dívidas,

assim como perdoamos aos

nossos devedores.

13 E não nos conduzas à tentação,

mas livra-nos do Maligno.1

Porque teu é o Reino, o poder

e a glória para sempre. Amém.

14Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, assim também vosso Pai celeste vos perdoará.

15 Entretanto, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.


 

Jejuar é adorar a Deus

16 Quando jejuardes, não vos mostreis com aspecto sombrio como os hipócritas; pois desfiguram o rosto com a intenção de mostrar às pessoas que estão jejuando.

17 Tu, porém, quando jejuares, unge tua cabeça e lava o rosto.

18 Pois, assim, não parecerá aos outros que jejuas; e, sim, ao teu Pai em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.


 

Investir os recursos no céu

19 Não acumuleis para vós outros tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde ladrões arrombam para roubar.

20 Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde a traça nem a ferrugem podem destruir, e onde os ladrões não arrombam e roubam.

21 Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração.


 

Um corpo iluminado

22 Os olhos são a lâmpada do corpo.

Portanto, se teus olhos forem bons, teu corpo será pleno de luz.

23 Porém, se teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em absoluta escuridão. Por isso, se a luz que está em ti são trevas, quão tremendas são essas trevas!SSE


 

Servir somente a Deus

24 Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon.2


 

Descanso na providência divina

25 Portanto, vos afirmo: não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as roupas?

26 Contemplai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Não tendes vós muito mais valor do que as aves?

27 Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?3

28 E por que andais preocupados quanto ao que vestir? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.

29 Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão, em todo o esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles.

30 Então, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que iremos comer? Que iremos beber? Ou ainda: Com que nos vestiremos?

32 Pois são os pagãos que tratam de obter tudo isso; mas vosso Pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas.

33 Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.

34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. É suficiente o mal que cada dia traz em si mesmo.



Cap. 7 - Amor e prudência ao julgar

1 Não julgueis, para que não sejais julgados.1

2 Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós.

3 Por que reparas tu o cisco no olho de teu irmão, mas não percebes a viga que está no teu próprio olho?

4 E como podes dizer a teu irmão: Permite-me remover o cisco do teu olho, quando há uma viga no teu?

5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão.2

6 Não deis o que é sagrado aos cães, nem jogueis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisoteiem e, voltando-se, vos façam em pedaços.


 

Perseverança na oração

7 Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós.

8 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá.

9 Ou qual dentre vós é o homem que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?

10 Ou se lhe pedir peixe, lhe entregará uma cobra?

11 Assim, se vós, sendo maus, sabeis dar bons presentes aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará o que é bom aos que lhe pedirem!3

12 Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas.4


 

Os dois únicos caminhos

13 Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho.

14 Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho!5


 

Pelo fruto se conhece a árvore

15 Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores.

16 Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas?

17 Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins.

18 A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim produzir bons frutos.

19 Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e atirada ao fogo.

20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.

21 Nem todo aquele que diz a mim: 'Senhor, Senhor!' entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

22 Muitos dirão a mim naquele dia: 'Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?'

23 Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal.


 

O sábio e o insensato

24 Assim, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha.

25 E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha.

26 Pois, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia.

27 E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, e ela desabou. E grande foi a sua ruína".

28 Quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, estavam as multidões atônitas com o seu ensino.

29 Porque Ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei.6



Cap. 8 - Jesus purifica o imundo

1 Quando Ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram.

2 E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o de joelhos e clamou: "Senhor, se é da tua vontade podes purificar-me!"

3 Então, Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: "Eu quero. Sê limpo!" E no mesmo instante ele ficou purificado da lepra.

4 Em seguida, disse-lhe Jesus: "Veja que não digas isto a ninguém, mas segue, mostra teu corpo ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho."1


 

Um comandante romano crente

5 Entrando Jesus em Cafarnaum, dirigiu-se a ele um centurião, suplicando:2

6 "Senhor, meu servo está em casa, paralítico e sofrendo horrível tormento".

7 Então, Jesus lhe disse: "Eu irei curá-lo".

8 Ao que respondeu o centurião: "Senhor, não sou digno de receber-te sob o meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado.

9 Porque eu também sou homem debaixo de autoridade e tenho soldados às minhas ordens. Digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem. Ordeno a meu servo: Faze isto, e ele o faz".

10 Ao ouvir isto, Jesus maravilhou-se, e disse aos que o seguiam: "Com toda a certeza vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei alguém com tão grande fé.

11 Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus.

12 Entretanto, os herdeiros do Reino serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes".3

13 Então disse Jesus ao centurião: "Vai-te, e da maneira como creste, assim te sucederá!" E naquela mesma hora o servo foi curado.


 

Jesus salva, cura e liberta

14 Tendo Jesus chegado à casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, enferma e com febre.

15 Então, Jesus tocou a mão dela e a febre a deixou. Em seguida, levantou-se ela e passou a servi-lo.

16 No início da noite, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e Ele, com apenas uma palavra, expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes.

17 Assim se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: "Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e pessoalmente levou as nossas doenças".4


 

A prioridade do discipulado

18 Quando Jesus viu que uma multidão o rodeava, ordenou que atravessassem para o outro lado do mar.

19 Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: "Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores".

20 Jesus lhe respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça".

21 Outro de seus discípulos lhe disse: "Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai".

22 Ao que Jesus lhe respondeu: "Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus próprios mortos".


 

Jesus domina as circunstâncias

23 Entrando Jesus no barco, seus discípulos o seguiram.

24 De repente, sobreveio no mar uma violenta tempestade, de tal maneira que as ondas encobriam o barco. Ele, contudo, dormia.

25 Então, seus discípulos vieram despertá-lo, clamando: "Senhor, salva-nos! Vamos todos perecer!"

26 Mas Jesus disse a eles: "Por que estais com tanto medo, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e houve plena calmaria.

27 Então, os homens maravilhados, exclamaram: "Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?".


 

Jesus domina as forças do mal

28 Quando Ele chegou ao outro lado, à província dos gadarenos, foram ao seu encontro dois endemoninhados, saindo dentre os sepulcros. Eram tão agressivos que ninguém podia passar por aquele caminho.

29 E, de repente gritaram: "Que temos nós contigo, ó Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?"

30 Não muito longe deles estava pastando uma grande manada de porcos.

31 Então, os demônios imploravam a Ele: "Se nos expulsas, permite-nos entrar naquela manada de porcos!"

32 E Jesus lhes disse: "Ide!" Assim que saíram entraram nos porcos. De repente, toda a manada correu em disparada e atirou-se violentamente precipício abaixo, em direção ao mar, e nas águas pereceram.

33 Aqueles que cuidavam dos porcos fugiram, foram para a cidade e contaram tudo, inclusive o que ocorrera com os endemoninhados.

34 Então toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e assim que o viram, suplicaram-lhe que se retirasse da sua região.



Cap. 9 - Jesus perdoa e cura

1 E, entrando Jesus num barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade.

2 E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado em sua maca. Observando-lhes a fé, disse Jesus ao paralítico: "Tem bom ânimo, filho; os teus pecados estão perdoados".

3 Diante disso, alguns escribas diziam consigo mesmos: "Este homem blasfema!"

4 Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, questiona: "Por que cogitai o mal em vossos corações?"

5 Pois o que é mais fácil dizer: 'Os teus pecados estão perdoados1', ou: 'Levanta-te e anda?'

6 Entretanto, para que saibais que o Filho do homem1 tem na terra autoridade para perdoar pecados – disse então ao paralítico: "Levanta-te, toma a tua maca, e vai para tua casa".

7 Levantando-se, o homem partiu para sua casa.

8 Ao ver isso, a multidão se encheu de temor e glorificava a Deus, pois dera aos homens tamanha autoridade.


 

Jesus veio para os necessitados

9 Saindo, viu Jesus um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Segue-me!" Ele se levantou e o seguiu.

10 E aconteceu que, estando Jesus em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram para cear com Ele e seus discípulos.2

11 Quando os fariseus viram isso, perguntaram aos discípulos dele: "Por que ceia o vosso mestre com publicanos e pecadores?"

12 Mas Jesus, ouvindo, responde: "Os sãos não necessitam de médico, mas sim, os doentes.

13 Portanto, ide aprender o que significa isto: 'Misericórdia quero, e não sacrifícios'. Pois não vim resgatar justos e sim pecadores'".3


 

O novo e definitivo vinho

14 Então, chegaram os discípulos de João e lhe perguntaram: "Por que jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?"

15 Respondeu-lhes Jesus: "É possível que os amigos do noivo fiquem de luto enquanto o noivo ainda está com eles? Dias virão, quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.

16 Ninguém coloca remendo novo em roupa velha; porque o remendo força o tecido da roupa e o rasgo aumenta.

17 Nem se põe vinho novo em odres velhos; se o fizer, os odres rebentarão, o vinho derramará e os odres se estragarão. Mas, põe-se vinho novo em odres novos, e assim ambos ficam conservados".4


 

Jesus tem poder sobre a morte

18 Enquanto, Ele estava falando, um dos dirigentes da sinagoga aproximou-se e, ajoelhando-se diante dele, rogou: "Minha filha acaba de morrer; mas vem, impõe a tua mão sobre ela, e viverá".

19 Jesus então levantou-se e seguiu com ele, e seus discípulos os acompanharam.

20 De repente, uma mulher que há doze anos vinha sofrendo de hemorragia, alcançou-o por trás e tocou na borda do seu manto.

21 Pois dizia essa mulher consigo mesma: "Se eu conseguir apenas lhe tocar as vestes, serei curada".

22 Então Jesus voltou-se e assim que viu a mulher lhe disse: "Anime-se grandemente, filha, a tua fé te salvou!" E, desde aquele momento, a mulher ficou sã.5

23 Quando Jesus chegou à casa do dirigente da sinagoga e viu os flautistas fúnebres e a multidão em alvoroço, ordenou:

24 "Retirai-vos daqui! Esta menina não está morta, mas adormecida". E todos zombavam dele.

25 Assim que a multidão foi retirada,

Jesus entrou, tomou a menina pela mão e ela se levantou.

26 Então a notícia desse acontecimento espalhou-se por toda aquela região.


 

Os cegos passam a ver

27 Partindo Jesus dali, dois homens

cegos o seguiram, clamando: "Filho de Davi, tem misericórdia de nós!"

28 Entrando Ele em casa, aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes perguntou: "Credes que Eu seja capaz de fazer isto?" E, responderam-lhe: "Sim, Senhor!"

29 Então, lhes tocou os olhos, dizendo: "Seja-vos feito conforme a vossa fé".

30 E os olhos deles foram abertos. Jesus os advertiu, então, severamente: "Cuidai para que ninguém saiba disto".

31 Contudo, ao partirem, propagaram os feitos de Jesus por toda aquela região.


 

Os endemoninhados são libertos

32 Após terem se retirado, algumas pessoas trouxeram a Jesus um homem, mudo e possuído por um demônio.

33 Assim que o demônio foi expulso, o mudo passou a falar; e as multidões admiradas exclamavam: "Jamais se viu algo assim em Israel!".

34 Por outro lado, os fariseus maldiziam: "Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios".


 

Todos os enfermos são curados

35 E Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças.


 

Jesus pede mais discípulos

36 Ao ver as multidões, Jesus sentiu grande compaixão pelas pessoas, pois que estavam aflitas e desamparadas como ovelhas que não têm pastor.

37 Então, falou aos seus discípulos: "De fato a colheita é abundante, mas os trabalhadores são poucos.

38 Por isso, orai ao Senhor da seara e pedi que Ele mande mais trabalhadores para a sua colheita".



Cap. 10 - Jesus envia seus apóstolos

1 Jesus, tendo chamado seus doze discípulos, deu-lhes poder para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e males.

2 E são estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;

3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;

4 Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, o mesmo que traiu a Jesus.

5 Assim, a esses doze homens, enviou Jesus com as seguintes recomendações: "Não vos encaminheis aos gentios, nem entreis em cidade alguma dos samaritanos.

6 Antes, porém, buscai as ovelhas perdidas da casa de Israel.

7 E, à medida que seguirdes, pregai esta mensagem: O Reino dos Céus está a vosso alcance!

8 Curai enfermos, purificai leprosos, ressuscitai mortos, expulsai demônios. Graciosamente recebestes, graciosamente dai.

9 Não vos provereis de ouro, nem prata ou cobre em vossos cinturões.

10 Não leveis sacolas de viagem, nem uma túnica a mais, segundo par de sandálias ou um cajado; pois digno é o trabalhador do seu sustento.

11 Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, procurai alguém digno de vos receber; ficai nesta casa até vos retirardes.

12 E, quando entrardes na casa, saudai-a.

13 Se a casa for digna, que a vossa paz repouse sobre ela; se, todavia, não for digna, que a paz retorne para vós.

14 Porém, se alguém não vos receber, nem der ouvidos às vossas palavras, assim que sairdes daquela casa ou cidade, sacudi a poeira dos vossos pés.

15 Com toda a certeza vos afirmo que haverá mais tolerância para Sodoma e Gomorra, no dia do juízo, do que para aquelas pessoas.

16 Observai! Eu vos envio como ovelhas entre os lobos. Sede, portanto, astutos como as serpentes e inofensivos como as pombas.

17 E, acautelai-vos dos homens; pois que vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas.

18 Sereis levados à presença de governadores e reis por minha causa, para testemunhardes a eles e aos gentios.

19 Todavia, quando vos prenderem, não vos preocupeis em como, ou o que deveis falar, pois que, naquela hora, vos será ministrado o que haveis de dizer.

20 Isso porque, não sois vós que estareis falando, mas o Espírito de vosso Pai é quem se expressará através de vós.

21 Um irmão entregará à morte seu irmão, e o pai ao filho, e os filhos se rebelarão contra seus pais e lhes causarão a morte.

22 E, por causa do meu Nome, sereis odiados de todos. Contudo, aquele que permanecer firme até o fim será salvo.

23 Quando, porém, vos perseguirem num lugar, fugi para outro; pois com toda a certeza vos asseguro que não tereis passado por todas as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.

24 O pupilo não está acima do seu mentor, nem o escravo acima do seu amo.

25 Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu senhor. Se chamaram de Belzebu ao cabeça da Casa, quanto mais aos membros da sua família!

26 Entretanto, não os temais! Nada há escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido.


 

A entrega do temor a Deus

27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o do alto dos telhados.

28 E, não temais os que matam o corpo, mas não têm poder para matar a alma. Temei antes, aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo.

29 Não se vendem dois pardais por uma moedinha de cobre? Mesmo assim, nenhum deles cairá sobre a terra sem a permissão de vosso Pai.

30 E quanto aos muitos cabelos da vossa cabeça? Estão todos contados.

31 Por isso, não temais! Bem mais valeis vós do que muitos passarinhos.

32 Assim sendo, todo aquele que me declarar diante das pessoas, também eu o declararei diante de meu Pai que está nos céus.

33 Entretanto, qualquer que me negar diante das pessoas, também Eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.

34 Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.

35 Pois Eu vim para ser motivo de discórdia entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra.

36 Assim os inimigos do homem serão os da sua própria família.1

37 Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

38 E aquele que não toma a sua cruz e não me segue, também não é digno de mim.

39 Quem encontra a sua vida a perderá. Mas quem perde a vida por minha causa a achará.

40 Quem vos recebe, a mim mesmo recebe; e quem recebe a minha pessoa, recebe aquele que me enviou.

41 Quem recebe um profeta por reconhecê-lo como profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por suas qualidades de justiça, receberá a recompensa de justo.

42 E quem der, mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, com toda a certeza vos afirmo que de modo algum perderá a sua recompensa".



Cap. 11 - João. O arauto de Jesus

1 |Havendo, pois, terminado de instruir seus doze discípulos, partiu Jesus dali para ensinar e pregar nas cidades da Galiléia.

2 Assim que, no cárcere, João ouviu falar sobre o que Cristo estava realizando, enviou dois dos seus discípulos para lhe perguntarem:

3 "És tu Aquele que haveria de vir ou devemos aguardar outro?"

4 Jesus, respondendo, disse-lhes: "Ide e contai a João o que estais ouvindo e vendo:

5 Os cegos enxergam, os mancos caminham, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as Boas Novas estão sendo pregadas aos pobres.

6 E, abençoado é aquele que não se escandaliza por minha causa".

7 Enquanto saíam os discípulos de João, começou Jesus a falar às multidões a respeito de João: O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?     

8 E então? O que fostes ver no deserto? Um homem vestido com roupas finas? De fato, os que usam roupas finas estão nos palácios reais.

9 Mas, afinal, o que fostes ver? Um profeta? Sim, Eu vos afirmo. E mais do que um profeta!

10 Este é aquele a respeito de quem está escrito: "Eis que Eu enviarei o meu mensageiro à frente da tua face, o qual preparará o teu caminho diante de Ti".1

11 Com toda a certeza vos afirmo: Entre os nascidos de mulher não se levantou ninguém maior do que João, o Batista; entretanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele.

12 Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de violência se apoderam dele.

13 Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João.

14 E, se desejarem aceitar, este é o Elias que havia de vir.

15 Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça!

16 Mas, a quem hei de comparar esta geração? São como crianças que, sentadas nas praças do mercado, ficam gritando uma às outras:

17 'Nós vos tocamos músicas de casamento, mas vós não dançastes; entoamos lamentos fúnebres e não pranteastes!'

18 Assim, veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: 'Este tem demônio'.

19 Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: 'Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!' Todavia, a sabedoria é comprovada pelas obras que são seus frutos".


 

Ai dos povos incrédulos

20 Então, começou Jesus a admoestar severamente as cidades nas quais realizara numerosos feitos prodigiosos, porque não se arrependeram:

21 "Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se os milagres que entre vós foram realizados tivessem sido feitos em Tiro e Sidom, há muito que elas se teriam arrependido, vestindo roupas de saco e cobrindo-se de cinzas.

22 Entretanto, Eu vos afirmo que no dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para vós outros.

23 E tu, Cafarnaum, te arrogas subir até os céus? Pois serás lançada no inferno. Porque se as maravilhas que foram realizadas em ti houvessem sido feitas em Sodoma, teria ela permanecido até o dia de hoje.

24 Eu, contudo, vos afirmo que haverá mais tolerância para com o povo de Sodoma no dia do julgamento, do que para contigo".


 

Vinde a Cristo, os cansados

25 Naquela ocasião, em resposta, Jesus proclamou: "Graças te dou, ó Pai, Senhor dos céus e da terra, pois escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos.

26 Amém, ó Pai, pois assim foi do teu agrado!

27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho, e aquele a quem o Filho o desejar revelar.

28 Vinde a mim todos os que estais cansados de carregar suas pesadas cargas, e Eu vos darei descanso.

29 Tomai vosso lugar em minha canga e aprendei de mim, porque sou amável e humilde de coração, e assim achareis descanso para as vossas almas.

30 Pois meu jugo é bom e minha carga é leve".2



Cap. 12 - O Senhor do sábado

1 Naquela época, Jesus passou pelas lavouras de cereal, em dia de sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram a colher espigas e comê-las.

2 Assim que os fariseus viram aquilo,

disseram-lhe: "Vê! Teus discípulos estão fazendo o que não é lícito em dia de sábado!"

3 Mas Jesus lhes respondeu: "Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome?

4 Como entrou na casa de Deus, e comeram os pães da Presença, os quais a lei não lhes permitia comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes?1

5 Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e, contudo, são desculpados?

6 Pois Eu vos afirmo que aqui está quem é maior do que o templo.

7 Entretanto, se vós soubésseis o que significam estas palavras: 'Misericórdia quero, e não holocaustos', não teríeis condenado os que não têm culpa.

8 Pois o Filho do homem é o Senhor do sábado!".


 

Jesus cura no sábado

9 Tendo Jesus saído daquele lugar, foi para a sinagoga deles.

10 Encontrava-se ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada. Mas, procurando um motivo para acusar Jesus, eles o questionaram: "É lícito curar no sábado?"

11 Ao que Jesus lhes propôs: "Qual de vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair em um buraco, não fará todo o esforço para retirá-la de lá?

12 Assim sendo, quanto mais vale uma pessoa do que uma ovelha! Por isso, é lícito fazer o bem no sábado".

13 Então, dirigiu-se ao homem e disse: "Estende a tua mão". Ele a estendeu e ela foi restaurada, ficando sã como a outra.

14 Diante disso, saíram os fariseus e começaram a conspirar sobre como poderiam matar Jesus.


 

Eis meu Servo amado!

15 Mas, Jesus, sabendo disto, afastou-se daquele lugar. Uma multidão o seguiu e a todos Ele curou.

16 Contudo, os advertiu para que não divulgassem suas obras.

17 Ao acontecer isso, cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Isaías:

18 "Eis o meu Servo, que escolhi, o meu amado, em quem tenho alegria. Farei repousar sobre Ele o meu Espírito, e Ele anunciará justiça às nações.

19 Não contenderá nem gritará; nem se ouvirá nas ruas a sua voz.

20 Não esmagará a cana rachada, nem apagará o pavio que fumega, até que faça vencer a justiça.

21 E em seu Nome os gentios colocarão sua esperança".


 

O pecado imperdoável

22 Depois disso, aconteceu que lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; Ele o curou, de modo que pôde falar e ver.

23 Então, toda a multidão ficou atônita e exclamava: "É este, porventura, o Filho de Davi?"

24 Mas os fariseus, ao ouvirem isso, murmuraram: "Este homem não expulsa demônios senão pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios".

25 Entretanto, Jesus compreendia os pensamentos deles, e lhes afirmou: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não resistirá.

26 Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra ele próprio. Como poderá então subsistir o seu reino?

27 E se Eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? E, por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.

28 Mas, se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso demônios, então, verdadeiramente, é chegado o Reino de Deus sobre vós!

29 Ou ainda, como pode alguém entrar na casa do homem forte e roubar-lhe todos os bens sem primeiro amarrá-lo? Só depois disso será possível saquear a sua casa.

30 Quem não está comigo, está contra mim; e aquele que comigo não colhe, espalha.

31 Portanto, Eu vos assevero: Todos os pecados e blasfêmias serão perdoados às pessoas; a blasfêmia contra o Espírito Santo não será, porém, perdoada!

32 Qualquer pessoa que disser uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; porém, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem nesta época, nem no tempo futuro.

33 Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; pois uma árvore é conhecida pelo seu fruto.

34 Raça de víboras! Como podeis falar coisas boas, sendo maus? Pois a boca fala do que está cheio o coração.

35 Uma boa pessoa tira do seu bom tesouro coisas boas; mas a pessoa má, tira do seu tesouro mau, coisas más.

36 Por isso, vos afirmo que de toda a palavra fútil que as pessoas disserem, dela deverão prestar conta no Dia do Juízo.

37 Porque pelas tuas palavras serás absolvido e pelas tuas palavras serás condenado".2


 

O sinal da ressurreição

38 Então alguns dos mestres da lei e fariseus lhe pediram: "Mestre, queremos ver de tua parte algum milagre".

39 Ao que Jesus respondeu: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Todavia, nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal miraculoso do profeta Jonas.3

40 Portanto, assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra.

41 O povo de Nínive se levantará no Dia do Juízo com esta geração, e a condenará; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que aqui está quem é maior do que Jonas.

42 A rainha do Sul se levantará no Juízo com esta geração e a condenará, pois ela veio dos confins da terra para conhecer os sábios ensinamentos de Salomão. E eis que aqui está quem é maior do que Salomão.

43 Quando um espírito imundo sai de uma pessoa, passa por lugares áridos procurando descanso, mas não encontra onde repousar.

44 Então diz: 'Voltarei para a minha casa de onde saí'. E, retornando, encontra a casa desocupada, varrida e arrumada.

45 Diante disso, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, passam a morar ali. E o estado final daquela pessoa torna-se pior que o primeiro. Assim também ocorrerá com esta geração má!".


 

A mãe e os irmãos de Jesus

46 Enquanto, Jesus estava pregando à grande multidão, do lado de fora, sua mãe e seus irmãos procuravam falar com Ele.

47 Então alguém o avisou: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam falar-te".

48 Jesus, entretanto, respondeu ao que lhe trouxera a informação: "Quem é minha mãe e quem são os meus irmãos?"4

49 E, estendendo a mão na direção dos discípulos, afirmou: "Eis minha mãe e meus irmãos.

50 Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe".



Cap. 13 - A parábola do semeador

(Mc 4.1-20; Lc 8.1-15)

1 Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa e foi assentar-se à beira-mar.

2 Uma grande multidão reuniu-se ao seu redor e, por esse motivo, entrou num barco e assentou-se. E todo o povo estava em pé na praia.

3 Jesus ensinou-lhes então muitas coisas por meio de parábolas, como esta: "Eis que um semeador saiu a semear.1

4 Enquanto realizava a semeadura, parte dela caiu à beira do caminho e, vindo as aves, a devoraram.

5 Outra parte caiu em terreno rochoso, onde havia uma fina camada de terra, e logo brotou, pois o solo não era profundo.

6 Porém, quando veio o sol, as plantas se queimaram; e por não terem raiz, secaram.

7 Outra parte caiu entre os espinhos. Estes, ao crescer, sufocaram as plantas.

8 Contudo, uma parte caiu em boa terra, produzindo generosa colheita, a cem, sessenta e trinta por um.

9 Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça!".


 

O propósito das parábolas

10 Então, os discípulos se aproximaram dele e perguntaram: "Por que lhes falas por meio de parábolas?"

11 Ao que Ele respondeu: "Porque a vós outros foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles isso não lhes foi concedido.2

12 Pois a quem tem, mais se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que quase não tem, até o que tem lhe será tirado.

13 Por isso lhes falo por meio de parábolas; porque, vendo, não enxergam; e escutando, não ouvem, muito menos compreendem.

14 Neles se cumpre a profecia de Isaías: 'Ainda que continuamente estejais ouvindo, jamais entendereis; mesmo que sempre estejais vendo, nunca percebereis.

15 Posto que o coração deste povo está petrificado; de má vontade escutaram com seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para evitar que enxerguem com os olhos, ouçam com os ouvidos, compreendam com o coração, convertam-se, e sejam por mim curados'.

16 Mas abençoados são os vossos olhos, porque enxergam; e os vossos ouvidos, porque ouvem.

17 Pois com certeza vos afirmo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não ouviram.


 

Jesus explica essa parábola

18 Portanto, atentai para o que significa a parábola do semeador:

19 Quando uma pessoa escuta a mensagem do Reino, mas não a compreende, vem o Maligno e arranca o que foi semeado em seu coração. Estas são as sementes que foram semeadas à beira do caminho.

20 O que foi semeado em terreno rochoso, esse é o que ouve a Palavra e logo a aceita com alegria.

21 Contudo, visto que não tem raiz em si mesmo, resiste por pouco tempo. E, quando por causa da Palavra chegam os problemas e as perseguições, logo perde o ânimo.

22 Quanto ao que foi semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a Palavra, mas as preocupações desta vida e a sedução das riquezas sufocam a mensagem, tornando-a infrutífera.

23 Mas, enfim, o que foi semeado em boa terra é aquele que ouve a Palavra e a entende; este frutifica e produz grande colheita: alguns, cem; outros, sessenta; e ainda outros trinta vezes mais do que foi semeado".


 

O trigo e o joio

24 Jesus lhes contou outra parábola: "O Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo.

25 Entretanto, quando todos dormiam, chegou o inimigo dele, lançou o joio no meio do trigo, e seguiu o seu caminho.3

26 Assim, quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu.

27 Os servos do dono da plantação foram até ele e perguntaram: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Então, de onde vem o joio?'.

28 Ele, porém, lhes respondeu: 'Um inimigo fez isso'. Então os servos lhe propuseram:'Senhor, queres que vamos e arranquemos o joio?'

29 Ao que o senhor respondeu: 'Não, pois ao tirar o joio, podereis arrancar juntamente com ele o trigo.

30 Deixai-os, pois, crescer juntos até à safra, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: 'Primeiro ajuntai o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro'".


 

O grão de mostarda

31 Outra parábola ainda lhes propôs Jesus, dizendo: "O Reino dos céus é como um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou em seu campo.

32 Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce chega a ser a maior das plantas, e se torna uma árvore, de maneira que as aves do céu vêm aninhar-se em seus ramos".


 

O fermento

33 E contou-lhes mais outra parábola: "O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher pegou e misturou em três medidas de farinha, até que toda a massa ficou levedada".

34 Todas essas coisas falou Jesus à multidão por meio de parábolas e nada lhes dizia sem usar palavras enigmáticas.

35 E assim cumpriu-se o que fora dito por meio do profeta: "Abrirei em parábolas a minha boca; proclamarei coisas ocultas desde a fundação do mundo".


 

Jesus explica a parábola do joio

36 Então, Jesus se despediu da multidão e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e pediram: "Explica-nos a parábola do joio na plantação".

37 E Jesus explicou: "Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem.

38 O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio representa os que pertencem ao Maligno.

39 O inimigo que semeou o joio é o Diabo. A colheita é o final desta era, e os ceifeiros são os anjos.

40 Da mesma maneira que o joio é colhido e jogado ao fogo, assim será no fim desta era.

41 O Filho do homem mandará os seus anjos, e eles ceifarão do seu Reino tudo o que causa tropeço e todos os que praticam o mal.

42 Eles os lançarão na fornalha ardente e ali haverá pranto e ranger de dentes.

43 Então os justos reluzirão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça!


 

O tesouro escondido

44 O Reino dos céus assemelha-se a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno.


 

A pérola de grande valor

45 Da mesma forma, o Reino dos céus é como um negociante que procura pérolas preciosas.

46 E, assim que encontrou uma pérola valiosíssima, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.


 

Os bons e os maus peixes

47 O Reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.

48 E, quando está repleta, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os bons em cestos, mas jogam fora os ruins.

49 Assim também ocorrerá no final desta era. Chegarão os anjos e irão separar os maus dentre os justos.

50 E lançarão os maus na fornalha ardente; e ali haverá grande lamento e ranger de dentes".


 

O mestre é um pai de família

51 Então lhes perguntou Jesus: "Entendestes todas estas parábolas?" Ao que eles responderam: "Sim, Senhor".

52 E Jesus lhes disse: "Portanto, todo mestre da lei, bem esclarecido quanto ao Reino dos céus, é semelhante a um pai de família que sabe tirar do seu tesouro coisas novas e coisas velhas".4


 

O profeta não é honrado pelos seus

53 Havendo terminado de contar essas parábolas, retirou-se Jesus dali.

54 Chegando à sua cidade, começou a ensinar o povo na sinagoga, de tal maneira que as pessoas se admiravam, e exclamavam: "De onde lhe vem tanta sabedoria e estes poderes para realizar milagres?

55 Ora, não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e o de seus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas?

56 Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Portanto, de onde obteve todos esses poderes?".

57 E ficavam escandalizados por causa dele. Entretanto, Jesus lhes afirmou: "Não há profeta sem honra, a não ser em sua própria terra, e em sua própria casa".

58 E Jesus não realizou ali muitos milagres, por causa da falta de fé daquelas pessoas.5



Cap. 14 - João Batista é decapitado

1 Por aquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu os relatos sobre os feitos de Jesus.

2 E disse aos seus servos: "Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos e, por isso, nele operam poderes para fazer milagres.

3 Porque Herodes tinha mandado prender João, amarrar suas mãos e jogá-lo na prisão. Isso por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão.

4 Pois João o havia advertido, dizendo: "Não te é lícito esposá-la".

5 Herodes, portanto, queria matá-lo, mas temia o povo, pois este o considerava profeta.

6 Mas, tendo chegado o dia da celebração do aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos, e muito agradou a Herodes.

7 Por conta disso, ele lhe prometeu, sob juramento, conceder qualquer pedido que ela desejasse fazer.

8 Foi então que ela, influenciada por sua mãe, pediu: "Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista".1

9 O rei ficou angustiado; contudo, por causa do juramento e da presença dos convidados, ordenou que lhe fosse dado o que ela pedira.

10 Então mandou decapitar João na prisão.

11 Sua cabeça foi levada num prato e entregue à jovem, que a entregou à mãe.

12 Os discípulos de João vieram, levaram seu corpo e o sepultaram. E foram contar a Jesus o que havia acontecido.


 

A multiplicação dos pães

13 Assim que Jesus ouviu essas coisas, retirou-se de barco, em particular, para um lugar deserto. As multidões, entretanto, ao saberem disso, saíram das cidades e o seguiram a pé.

14 Quando Jesus deixou o barco, viu numerosa multidão; sentiu-se movido de grande compaixão pelo povo, e curou os seus doentes.

15 Ao final do dia, os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram: "Este é um lugar deserto, e já está entardecendo. Manda embora, pois, as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida".

16 Jesus, porém, lhes respondeu: "O povo não precisa ir embora; dai-lhes vós mesmos algo para comer".

17 Ao que eles replicaram: "Tudo o que temos aqui são cinco pequenos pães e dois peixes!"

18 Mas Jesus lhes disse: "Tragam-nos aqui para mim".

19 E mandou que as multidões se assentassem sobre o gramado. Tomou, então, os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, os abençoou. Em seguida, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes serviram às multidões.2

20 Todos comeram até ficar satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestas cheias de pedaços que sobraram.

21 Os que se alimentaram foram cerca de cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.


 

Jesus anda sobre o mar

22 Imediatamente após, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, enquanto Ele despedia as multidões.

23 Assim que mandou o povo embora, subiu sozinho a um monte para orar. Ao chegar da noite, lá estava Ele, só.

24 Todavia, o barco já estava longe, no meio do mar, sendo fustigado pelas ondas; pois o vento era contrário.

25 Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar.3

26 Quando os discípulos o viram andando sobre as águas, ficaram aterrorizados e exclamaram: "É um fantasma!" E gritavam de medo.

27 Mas, imediatamente, Jesus lhes disse: "Tende bom ânimo! Sou Eu. Não temais!".

28 Ao que Pedro exclamou: "Senhor! Se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas".

29 Então Jesus lhe responde: "Vem!" E Pedro, deixando o barco, andou por sobre as águas e foi na direção de Jesus.

30 Todavia, reparando na força do vento, teve medo, e começando a afundar, gritou: "Senhor! Salva-me!"

31 Jesus estendeu imediatamente a mão, segurou-o e lhe disse: "Homem de pequena fé, por que duvidaste?".

32 Assim que ambos entraram no barco, cessou o vento.

33 Então os que estavam no barco adoraram-no, exclamando: "Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus".4

34 Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré.


 

Jesus curou a todos que o tocaram

35 Quando os homens daquele lugar reconheceram Jesus, divulgaram a notícia em toda aquela região e lhe trouxeram todos os enfermos.

36 Suplicavam então a Ele que ao menos pudessem tocar na borda do seu manto. E todos os que nele tocaram ficaram plenamente sãos.



Cap. 15 - Jesus, as tradições e a Lei

(Mc 7.1-23)

1 Então alguns fariseus e escribas, vindos de Jerusalém, foram até Jesus e questionaram:

2 "Por que os seus discípulos transgridem a tradição dos anciãos? Visto que eles não lavam as mãos antes de comer!".

3 Ponderou-lhes Jesus: "E porque transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?

4 Pois Deus ordenou: 'Honra a teu pai e a tua mãe', e ainda, 'Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe seja punido com a morte'.

5 Contudo, vós dizeis que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: 'Oferta é ao Senhor a ajuda que de mim devias receber';

6 esse jamais estará obrigado a honrar seu pai ou sua mãe com seus bens. E assim invalidastes a Palavra de Deus, por causa da vossa tradição.1

7 Hipócritas! Bem profetizou Isaías sobre vós, denunciando:

8 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim.

9 Em vão me adoram; pois ensinam doutrinas que não passam de regras criadas por homens'".

10 Então, Jesus conclamou a multidão a aproximar-se e pregou: "Ouvi e entendei!

11 Não é o que entra pela boca o que torna uma pessoa impura, mas o que sai da boca, isto sim, corrompe a pessoa".

12 Então, aproximando-se dele os discípulos, avisaram: "Sabes que os fariseus se ofenderam quando ouviram essas tuas palavras?".

13 Mas Ele respondeu: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.

14 Deixai-os! Eles são guias cegos guiando cegos. Se um cego conduzir outro cego, ambos cairão no buraco".

15 Então, pediu-lhe Pedro: "Explica-nos a outra parábola?".

16 Ao que Jesus replicou: "Também vós não compreendeis até agora?

17 Não entendeis ainda que tudo o que entra pela boca desce para o estômago, e mais tarde é lançado no esgoto?

18 Entretanto, as coisas que saem da boca vêm do coração e são essas que tornam uma pessoa impura.

19 Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias.

20 Essas coisas corrompem o indivíduo, mas o comer sem lavar as mãos não o torna impuro".


 

Jesus atende ao clamor dos gentios

(Mc 7.24-30)

21 Deixando aquele lugar, Jesus retirou-se para a região de Tiro e de Sidom.

22 E eis que uma mulher cananéia, natural daquelas regiões, veio a Ele, clamando: "Senhor! Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente tomada pelo demônio".

23 Ele, porém, não lhe respondeu qualquer palavra. Então, os seus discípulos, aproximando-se, pediram-lhe: "Manda essa mulher embora, pois vem gritando atrás de nós".

24 Ao que Jesus replicou: "Eu não fui enviado, senão às ovelhas perdidas da casa de Israel".2

25 Chegou então a mulher e o adorou de joelhos, suplicando: "Senhor, ajuda-me!"

26 Ao que Jesus lhe respondeu: "Não é justo tirar o pão dos próprios filhos para alimentar os cães de estimação".

27 Ela, porém, replicou: "Sim, Senhor, mas até os cães de estimação, comem das migalhas que caem das mesas de seus donos".

28 Então Jesus exclamou: "Ó mulher, grande é a tua fé! Seja feito a ti conforme queres". E naquele exato momento sua filha ficou sã.


 

Outra multiplicação de pães

(Mc 8.1-10)

29 Partiu Jesus dali e foi para a orla do mar da Galiléia; e, subindo a um monte, assentou-se ali.3

30 Então, multidões dirigiram-se a Ele, levando consigo mancos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros doentes, e os colocaram aos pés de Jesus; e Ele os curou.

31 O povo ficou atônito quando viu os mudos falando, os aleijados curados, os mancos andando e os cegos enxergando. E louvaram o Deus de Israel.

32 Chamou Jesus os seus discípulos para dizer-lhes: "Tenho compaixão destas muitas pessoas, pois há três dias permanecem comigo e não têm o que comer. Não quero mandá-las embora em jejum, porque podem desfalecer no caminho".

33 Mas os discípulos lhe disseram: "Onde poderíamos, encontrar, neste lugar deserto, pães suficientes para alimentar tantas pessoas?"

34 Perguntou-lhes Jesus: "Quantos pães tendes?" Ao que eles responderam: "Sete, e mais uns pequenos peixes".

35 Ele mandou, então, que o povo se assentasse no chão.

36 Tomou os sete pães e os pequenos peixes e deu graças. Em seguida os partiu e os entregou aos discípulos, e estes distribuíram à multidão.

37 Todas as pessoas comeram até se fartarem. E foram recolhidos sete grandes cestos, cheios de pedaços que haviam sobrado.

38 E assim, os que comeram eram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.

39 A seguir, Jesus se despediu da multidão, entrou no barco e foi para a região de Magadã.



Cap. 16 - Religiosos pedem um sinal

(Mc 8.11-13)

1 Os fariseus e os saduceus aproximaram-se de Jesus e, para o provar, pediram que lhes mostrasse um sinal vindo do céu.

2 Então Ele lhes ponderou: "Quando começa a entardecer, dizeis: 'Haverá bom tempo, pois o céu está avermelhado'.

3 Ou, pela manhã, dizeis: 'Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho nublado'. Sabeis, com certeza, discernir os aspectos do céu, mas não podeis interpretar os sinais dos tempos?

4 Esta geração perversa e infiel pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será concedido, a não ser o sinal de Jonas". Jesus se afastou, então, deles e partiu dali.


 

O fermento dos religiosos

(Mc 8.14-21)

5 Indo os discípulos para o outro lado do mar, esqueceram-se de levar pães.

6 E Jesus lhes falou: "Estejais alerta, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus".

7 Entretanto, eles discutiam entre si, dizendo: "É porque não trouxemos pães".

8 Percebendo a desavença, Jesus indagou: "Por que discordais entre vós, homens de pequena fé, sobre o não terdes pães?

9 Não compreendeis até agora? Nem sequer lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantas cestas recolhestes?

10 Nem dos sete pães para aqueles outros quatro mil e de quantos cestos recolhestes?

11 Como não entendeis que não vos falava a respeito de pães? E, sim: tende, pois, cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus".

12 Compreenderam, então, que não lhes dissera que se guardassem do fermento dos pães, mas que se acautelassem da doutrina dos fariseus e saduceus.


 

Deus revela Jesus Cristo a Pedro

(Mc 8.27-30; Lc 9.18-21)

13 Quando Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, consultou seus discípulos: "Quem as pessoas dizem que o Filho do homem é?"1

14 E eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros Elias; e ainda há quem diga, Jeremias ou um dos profetas".

15 Então Jesus interpelou: "Mas vós, quem dizeis que Eu sou?".

16 E, Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".2

17 Ao que Jesus lhe afirmou: "Abençoado és tu, Simão, filho de Jonas! Pois isso não foi revelado a ti por carne ou sangue, mas pelo meu Pai que está nos céus.

18 Da mesma maneira Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.3

19 Eu darei a ti as chaves do Reino dos céus; o que ligares na terra haverá sido ligado nos céus, e o que desligares na terra, haverá sido desligado nos céus".4

20 E, então, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem ser Ele o Cristo.


 

Jesus prediz seu sacrifício

(Mc 8.31-9.1; Lc 9.22-27)

21 A partir daquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que Ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas injustiças nas mãos dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, para então ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.

22 Pedro, porém, chamando-o à parte, começou a admoestá-lo, dizendo: "Deus seja gracioso contigo, Senhor! De modo algum isso jamais te acontecerá".

23 E virando-se Jesus repreendeu a Pedro: "Para trás de mim, Satanás! Tu és uma pedra de tropeço, uma cilada para mim, pois tua atitude não reflete a Deus, mas, sim, os homens".5

24 Então Jesus declarou aos seus discípulos: "Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe.

25 Porquanto quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida.

26 Pois que lucro terá uma pessoa se ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma? Ou, o que poderá dar o ser humano em troca da sua alma?

27 Mas o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então recompensará a cada um de acordo com suas obras.

28 Com toda a certeza vos afirmo que alguns dos que aqui se encontram não experimentarão a morte até que vejam o Filho do homem vindo em seu Reino".6



Cap. 17 - A transfiguração de Jesus

1 Passados seis dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os levou, em particular, a um alto monte.1

2 Ali Ele foi transfigurado na presença deles. Sua face resplandeceu como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a luz.

3 De repente, surgiram à sua frente Moisés e Elias, conversando com Jesus.

4 Expressando-se Pedro, disse a Jesus: "Senhor, é bom estarmos aqui. Se desejares, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias".

5 Enquanto ele ainda estava falando, uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela emanou uma voz dizendo: "Este é o meu Filho amado em quem me regozijo: a Ele atendei!".

6 Ao ouvirem isso, os discípulos prostraram-se com o rosto em terra e ficaram atemorizados.

7 Então Jesus, aproximando-se deles, tocou-os e disse: "Levantai-vos, e não temais!".

8 Ao erguer os olhos, a ninguém mais viram, senão somente a Jesus.

9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: "A ninguém conteis a visão que tivestes, até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos".

10 E os discípulos lhe perguntaram: "Então, por que os escribas ensinam que é preciso que Elias venha primeiro?".

11 Ao que Jesus lhes respondeu: "Elias, com certeza, vem e restaurará todas as coisas.2

12 Eu, todavia, vos afirmo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram e fizeram com ele tudo quanto desejaram. Da mesma forma, o Filho do homem irá sofrer nas mãos deles".

13 Os discípulos entenderam, então, que era a respeito de João Batista que Ele havia falado.


 

A cura do menino possesso

14 Ao chegarem onde se reunia a multidão, um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se diante dele e clamou:

15 "Senhor, compadece-te do meu filho, pois tem sofrido horrivelmente com ataques epiléticos. Muitas vezes cai no fogo, e outras tantas, na água.3

16 Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo".

17 Então Jesus exclamou: "Ó geração sem fé e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos terei de suportar? Trazei-me aqui o menino".

18 E Jesus repreendeu o demônio; este saiu do menino, que daquele momento em diante ficou são.

19 Então os discípulos chegaram-se a Jesus e, em particular, lhe perguntaram: "Por qual motivo não nos foi possível expulsá-lo?".

20 E Ele respondeu: "Por causa da pequenez da vossa fé. Pois com toda a certeza vos afirmo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: 'Passa daqui para acolá', e ele passará. E nada vos será impossível!

21 Contudo, essa espécie só se expele por meio de oração e jejum".


 

Jesus prediz novamente seu martírio

22 Ao se reunirem na Galiléia, compartilhou com eles, dizendo: "O Filho do homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens.

23 Eles o matarão, mas no terceiro dia Ele será ressuscitado". Então, profunda tristeza abalou os discípulos.


 

Jesus paga o imposto secular

24 Quando Jesus e seus discípulos chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto de duas dracmas abordaram a Pedro e questionaram: "O vosso mestre não paga o imposto das duas dracmas, ao templo?".

25 "Sim, paga", respondeu Pedro. Mas quando ele entrou em casa, Jesus se antecipou e perguntou-lhe primeiro: "Simão, qual a tua opinião? De quem cobram os reis da terra impostos e tributos? Dos seus filhos ou dos estranhos?".

26 "Dos estranhos", respondeu Pedro. Ao que Jesus concluiu: "Logo, estão, os filhos, livres dessa obrigação".4

27 Entretanto, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o, e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Retira aquela moeda e entregue a eles para pagar o meu imposto e o teu também.



Cap. 18 - Quem é o maior no Reino?

(Mc 9.33-37,42-26; Lc 9.46-48)

1 Naquele momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos céus?".1

2 E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles.

3 E disse: "Com toda a certeza vos afirmo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus.2

4 Portanto, todo aquele que se tornar humilde, como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus.

5 E quem recebe uma destas crianças, em meu nome, a mim me recebe.


 

Jesus adverte sobre as ciladas

6 Entretanto, se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar.

7 Ai do mundo, por causa das suas ciladas! É inevitável que tais ofensas ocorram, mas infeliz da pessoa por meio da qual elas acontecem!

8 Sendo assim, se a tua mão ou o teu pé te fizerem cair em pecado, corta-os e lança-os fora de ti; pois melhor é entrares na vida, mutilado ou aleijado, do que, tendo as duas mãos ou os dois pés, seres atirado no fogo eterno.

9 Se um dos teus olhos te faz pecar, arranca-o, e lança-o fora de ti, pois melhor é entrares na vida com um olho só, do que, tendo os dois, seres lançado no fogo do inferno.


 

A parábola da ovelha perdida

(Lc 15.3-7)

10 Tende todo cuidado para que não desprezeis a qualquer destes pequeninos; pois Eu vos asseguro que seus anjos nos céus vêem continuamente a face de meu Pai celestial.3

11 Porque o Filho do homem veio para salvar o que se havia perdido.

12 Que opinião tendes? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não deixará ele as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu?

13 E se conseguir encontrá-la, com toda a certeza vos afirmo que maior contentamento sentirá por causa desta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.

14 Da mesma maneira, vosso Pai, que está nos céus, não deseja que qualquer desses pequeninos se perca.4


 

Como tratar o pecado de um irmão

15 Se teu irmão pecar contra ti, vai e, em particular com ele, conversem sobre a falta que cometeu. Se ele te der ouvidos, ganhaste a teu irmão.

16 Porém, se ele não te der atenção, leva contigo mais uma ou duas pessoas, para que pelo depoimento de duas ou três testemunhas, qualquer acusação seja confirmada.5

17 Contudo, se ele se recusar a considerá-los, dizei-o à igreja; então, se ele se negar também a ouvir a igreja, trata-o como pagão ou publicano.

18 Com toda a certeza vos asseguro que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado no céu.

19 Uma vez mais vos asseguro que, se dois dentre vós concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.

20 Porquanto, onde se reunirem dois ou três em meu Nome, ali Eu estarei no meio deles".6


 

Quantas vezes se deve perdoar

(Lc 17.3-4)

21 Então, Pedro chegou perto de Jesus e lhe perguntou: "Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu tenha de perdoá-lo? Até sete vezes?".

22 E Jesus lhe respondeu: "Não te direi até sete vezes; mas, sim, até setenta vezes sete".7


 

A parábola do servo que não perdoou

23 "Portanto, o Reino dos céus pode ser comparado a certo rei, que decidiu acertar contas com seus servos.

24 Quando teve início o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia dez mil talentos.8

25 Porém, não tendo o devedor como saldar tal importância, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, sua mulher, seus filhos e tudo quanto possuía, para que a dívida fosse paga.

26 O servo, então, com toda a reverência, prostrou-se diante do rei e lhe implorou: 'Sê paciente comigo e tudo te pagarei!'

27 E o senhor daquele servo, teve compaixão dele, perdoou-lhe a dívida e o deixou ir embora livre.

28 Entretanto, saindo aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe estava devendo cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, esbravejando: 'Paga-me o que me deves!'

29 Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe suplicava: 'Sê paciente comigo e tudo te pagarei'.

30 Mas, ele não queria acordo. Ao contrário, foi e mandou lançar seu conservo devedor na prisão, até que toda a dívida fosse saldada.

31 Quando os demais conservos, companheiros dele, viram o que havia ocorrido, ficaram indignados, e foram contar ao rei tudo o que acontecera.

32 Então o rei, chamando aquele servo lhe disse: 'Servo perverso, perdoei-te de toda aquela dívida atendendo às tuas súplicas.

33 Não devias tu, da mesma maneira, compadecer-te do teu conservo, assim como eu me compadeci de ti?'

34 E, sentindo-se insultado, o rei entregou aquele servo impiedoso aos carrascos, até que lhe pagasse toda a dívida.

35 Assim também o meu Pai celestial vos fará, a cada um, se de todo o coração não perdoardes cada um a seu irmão".



Cap. 19 - Casamento e Divórcio

(Mc 10.1-12)

1 E aconteceu que, concluindo Jesus essas palavras, partiu da Galiléia e dirigiu-se para a região da Judéia, no outro lado do Jordão.

2 Grandes multidões o seguiam e a todos curava ali.1

3 Alguns fariseus também chegaram até Ele e, para prová-lo, questionaram-lhe: "É lícito o marido se divorciar da sua esposa por qualquer motivo?".2

4 E Jesus lhes explicou: "Não tendes lido que, no princípio, o Criador 'os fez homem e mulher',

5 e os instruiu: 'Por este motivo, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne'?

6 Sendo assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. E, portanto, o que Deus uniu, não o separe o ser humano".3

7 Replicaram-lhe: "Então por qual razão mandou Moisés dar uma certidão de divórcio à mulher e abandoná-la?".

8 Ao que Jesus declarou: "Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos concedeu separar-se de vossas mulheres. Mas não tem sido assim desde o princípio".

9 Eu, porém, vos afirmo: "Todo aquele que se divorciar da sua esposa, a não ser por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério".4

10 Então os discípulos consideraram: "Se estes são os termos para o marido e sua esposa, não é vantagem casar!".

11 Mas Jesus ponderou-lhes: "Nem todos conseguem aceitar essa palavra; somente aqueles a quem tal capacidade é dada.

12 Pois há alguns eunucos que nasceram assim do ventre de suas mães; outros foram privados de seus órgãos reprodutores pelos homens; e há outros ainda que a si mesmos se fizeram celibatários, por causa do Reino dos céus. Quem for capaz de aceitar esse conceito, que o receba".5


 

Jesus abençoa as crianças

(Mc 10.13-16; Lc 18.15-17)

13 Então, trouxeram-lhe algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Os discípulos, contudo, os repreendiam.

14 Mas Jesus lhes ordenou: "Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas".

15 E, depois de ter-lhes imposto as mãos, partiu dali.6


 

Dificilmente os ricos serão salvos

(Mc 10.17-31; Lc 18.18-30)

16 Eis que alguém chegou perto de Jesus e consultou-o: "Mestre, que poderei fazer de bom para ganhar a vida eterna?".7

17 Questionou-o Jesus: "Por que me perguntas a respeito do que é bom? Há somente um que é bom. Se queres entrar na vida eterna, obedeça aos mandamentos".

18 Ao que ele perguntou: "Quais?". E Jesus lhe respondeu: "Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho,

19 honra a teu pai e a tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo".

20 Replicou-lhe o jovem: "A tudo isso tenho obedecido. O que ainda me falta?".

21 Jesus disse a ele: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me".

22 Ao ouvir essa palavra, o jovem afastou-se pesaroso, pois era dono de muitas riquezas.8

23 Então disse Jesus aos seus discípulos: "Com toda a certeza vos afirmo que dificilmente um rico entrará no Reino dos céus.

24 E lhes digo mais: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos céus".9

25 Ouvindo isso, os discípulos ficaram atônitos e exclamaram: "Sendo assim, quem pode ser salvo?".

26 Mas Jesus, fixando o olhar neles, revelou-lhes: "Isso é impossível aos seres humanos, mas para Deus todas as coisas são possíveis".


 

As recompensas no Reino

27 Então Pedro manifestou-se dizendo: "Veja! Nós deixamos tudo e te seguimos; o que será, pois, de nós?".

28 Jesus lhes respondeu: "Com toda a certeza vos afirmo que vós, os que me seguistes, quando ocorrer a regeneração de todas as coisas, e o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.10

29 Também todos aqueles que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou terras, por causa do meu Nome, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna.

30 Entretanto, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros".



Cap. 20 - A parábola dos pagamentos

1 "Portanto, o Reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu ao raiar do dia para contratar trabalhadores para a sua vinha.1

2 Depois de combinar com cada trabalhador o pagamento de um denário pelo dia, os enviou ao campo das videiras.2

3 Por volta das nove horas da manhã, ao sair, viu na praça do mercado, outros que estavam parados, sem ocupação.3

4 Então lhes disse: 'Ide vós também trabalhar na vinha, e Eu vos pagarei o que for justo'. E eles foram.

5 Tendo saído outras vezes, próximo do meio dia e das três horas da tarde, agiu da mesma maneira.

6 Ao sair novamente, agora em torno das cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam sem trabalho, e indagou deles: 'Por qual motivo estivestes aqui desocupados o dia todo?'

7 E lhe informaram: 'Porque não houve alguém que nos contratasse'. Então lhes falou: 'Ide igualmente vós para o campo das videiras'.

8 Ao pôr-do-sol, o senhor da vinha ordenou ao seu administrador: 'Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos contratados e terminando nos primeiros'.4

9 Chegaram os que haviam sido contratados em torno das cinco horas da tarde, e cada um deles recebeu um denário.

10 Quando vieram os que haviam sido contratados primeiro, deduziram que receberiam mais; contudo, também estes receberam um denário cada um.

11 No entanto, assim que o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha,

12 dizendo-lhe: 'Estes últimos homens trabalharam apenas uma hora; apesar disso o senhor os igualou a nós que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia'.

13 Mas o dono da vinha, explicando, falou a um deles: 'Amigo, não estou sendo injusto contigo. Não combinamos que te pagaria um denário pelo dia trabalhado?

14 Sendo assim, toma o que é teu, e vai-te; pois é meu desejo dar a este último tanto quanto dei a ti.

15 Porventura não me é permitido fazer o que quero do que é meu? Ou manifestas tua inveja porque eu sou generoso?'5

16 Portanto, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos. Pois muitos serão chamados, mas poucos escolhidos".6


 

Outra vez Jesus prediz seu sacrifício

(Mc 10.32-34; Lc 18.31-34)

17 Jesus estava, então, pronto para subir a Jerusalém, quando chamou à parte seus doze discípulos e lhes falou:

18 "Agora estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.

19 E o entregarão aos gentios para ser zombado, torturado e crucificado; mas ao terceiro dia Ele será ressuscitado!".7


 

É preciso sabedoria para pedir

(Mc 10.35-45)

20 Naquele momento, aproximou-se de Jesus a esposa de Zebedeu, com seus filhos e, prostrando-se, fez um pedido a Ele.8

21 "O que desejas?" - perguntou Jesus. Ela respondeu: "Ordena que no teu Reino estes meus dois filhos se assentem um à tua direita, e o outro à tua esquerda".

22 "Não sabeis o que pedis!", contestou-lhes Jesus. "Podeis vós beber o cálice que Eu estou prestes a beber e ser batizados com o batismo com o qual estou sendo batizado?". E eles afirmaram: "Podemos!".

23 Então Jesus lhes declarou: "Certamente bebereis do meu cálice; mas quanto ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não cabe a mim outorgá-lo. Esses lugares pertencem àqueles a quem foram reservados por meu Pai".9

24 Ao ouvirem isso, os outros dez ficaram injuriados contra os dois irmãos.

25 Então Jesus os chamou e explicou: "Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que são as pessoas importantes que exercem poder sobre as nações.

26 Não será assim entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que deva servir aos demais.

27 E quem quiser ser o primeiro entre vós que se torne vosso escravo.

28 Assim como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como único resgate por muitos".10


 

Os cegos recuperam a visão

(Mc 10.46-52; Lc 18.35-43)

29 Ao saírem de Jericó, uma grande multidão acompanhava Jesus.

30 De repente, dois cegos, que estavam assentados à beira do caminho, tendo ouvido que Jesus passava, puseram-se a gritar: "Senhor! Filho de Davi, tem misericórdia de nós".

31 Entretanto, a multidão os repreendeu para que se calassem, mas eles clamavam ainda mais: "Senhor! Filho de Davi! Tem misericórdia de nós!".

32 Jesus, parando, chamou-os e lhes perguntou: "O que quereis que Eu vos faça?".11

33 "Senhor! Que se abram os nossos olhos", responderam eles.

34 Jesus sentiu compaixão e tocou nos olhos deles. No mesmo instante os cegos recuperaram a visão e o seguiram.



Cap. 21 - Jesus é aclamado pelas multidões

(Mc 11.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19)

1 Ao se aproximarem de Jerusalém, chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então, Jesus enviou dois discípulos,1

2 e recomendou-lhes: "Ide ao povoado que está adiante de vós e logo encontrareis uma jumenta amarrada, com seu burrico ao lado. Desamarrai-os e trazei-os para mim.2

3 Se alguém vos questionar algo, deveis dizer que o Senhor necessita deles e sem demora os devolverá".

4 No entanto, isso ocorreu para que se cumprisse o que fora dito por meio do profeta:

5 "Dizei à filha de Sião: 'Eis que o teu rei chega a ti, humilde e montado num burrico, um potro, cria de jumenta'".

6 Então os discípulos foram e fizeram o que Jesus lhes havia mandado.3

7 Trouxeram-lhe a jumenta com o jumentinho, os selaram com mantas para cavalgar, e sobre as mantas Jesus montou.

8 Então, uma grande multidão estendia suas capas pelo caminho, muitos outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pela estrada.

9 E as multidões, tanto as que iam adi-ante dele, quanto as que o seguiam, proclamavam: "Hosana ao Filho de Davi! 'Bendito seja Ele que vem em o Nome do Senhor!' Hosana nas alturas!"4

10 Assim que Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou alvoroçada, e comentavam: "Quem é este?"

11 Então as multidões exclamavam: "Este é o profeta Jesus, vindo de Nazaré da Galiléia!".


 

O templo é casa de oração!

(Mc 11.15-19; Lc 19.45-48)

12 Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas.

13 E repreendeu-os: "Está escrito: 'A minha casa será chamada casa de oração'; vós, ao contrário, estais fazendo dela um 'covil de salteadores'".5

14 Então levaram a Jesus, no templo, cegos e aleijados, e Ele os curou.

15 Entretanto, quando os chefes dos sacerdotes e os escribas viram as maravilhas realizadas por Jesus, e as crianças exclamando no templo: "Hosana ao Filho de Davi!", revoltaram-se e indagaram dele:

16 "Não ouves o que estas crianças estão proclamando?". Ao que Jesus lhes respondeu: "Sim. E vós, nunca lestes: 'Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor'".

17 E, deixando-os, saiu da cidade em direção a Betânia, onde passou a noite.6


 

A figueira que não deu fruto

(Mc 11.12-14; 20-25)

18 Ao amanhecer, quando retornava para a cidade, Jesus teve fome.

19 Avistando uma figueira à beira da estrada, aproximou-se dela, porém nada encontrou, a não ser folhas. Então decretou-lhe: "Nunca mais se produza fruto em ti!". E, no mesmo instante, a figueira ficou completamente seca.

20 E quando viram o que ocorrera, muito se admiraram os discípulos e exclamaram: "Como foi possível esta figueira secar tão depressa?".

21 Então Jesus explicou-lhes: "Com certeza vos asseguro que, se tiverdes fé e não duvidardes, podereis fazer não apenas o que foi feito à figueira, mas da mesma forma ordenardes a este monte: 'Ergue-te daqui e lança-te no mar', e assim acontecerá.

22 E tudo o que pedirdes em oração, se crerdes, recebereis".7


 

Líderes religiosos duvidam de Jesus

(Mc 11.27-33; Lc 20.1-8)

23 Tendo Jesus chegado ao templo, enquanto ensinava, acercaram-se dele os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo e o questionaram: "Com que autoridade fazes estas coisas aqui? E quem te deu essa autorização?".8

24 Jesus, porém, replicou-lhes: "Eu igualmente vos lançarei uma questão. Se me responderdes, também Eu vos direi com que autoridade faço o que faço.

25 De onde era o batismo de João? Divino ou humano?". E eles discutiam entre si, avaliando: "Se respondermos: divino, Ele nos indagará: 'Sendo assim, por que não acreditastes nele?'

26 Porém, se alegarmos: humano, tememos o povo, pois todos consideram João como profeta".

27 Por isso disseram a Jesus: "Não sabemos!". Ao que Jesus afirmou-lhes: "Nem Eu vos direi com que autoridade procedo.9


 

A parábola do pai e dois filhos

28 Agora, qual a vossa opinião? Um homem tinha dois filhos. Aproximando-se do primeiro, pediu: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha'.

29 Mas este filho lhe disse: 'Não quero ir'. Todavia, mais tarde, arrependido, foi.

30 Então chegou o pai até o segundo filho e fez o mesmo pedido. Então este lhe respondeu: 'Sim, senhor!' Mas não foi.

31 Qual dos dois fez a vontade do pai?". Ao que eles responderam: "O primeiro". Então Jesus lhes revelou: "Com toda a certeza vos afirmo que os publicanos e as prostitutas estão ingressando antes de vós no Reino de Deus.

32 Porquanto João veio para vos mostrar o caminho da justiça, mas vós não acreditastes nele; em compensação, os cobradores de impostos e as meretrizes creram. Vós, entretanto, mesmo depois de presenciardes a tudo isso, não vos arrependestes para acreditardes nele.10


 

A parábola dos vinicultores maus

(Mc 12.1-12; Lc 20.9-19)

33 E mais, atentai a esta parábola: Havia um certo proprietário de terras, que plantou um campo de videiras. Ergueu uma cerca ao redor delas, construiu um tanque para prensar as uvas e edificou uma torre. Finalmente, arrendou essa vinha para alguns vinicultores e foi viajar.11

34 Chegando a época da safra, enviou seus servos até aqueles lavradores, para receber os seus dividendos.

35 Porém os lavradores atacaram seus servos; a um espancaram, a outro mataram, e apedrejaram o terceiro.

36 Então lhes mandou outros servos, em maior número do que da primeira vez, mas os lavradores os trataram da mesma maneira.

37 Por fim, decidiu enviar-lhes seu próprio filho, considerando: 'Eles respeitarão o meu filho'.

38 Contudo, assim que os lavradores viram o filho, tramaram entre si: 'Este é o herdeiro! Então vamos, nos unamos para matá-lo e apoderemo-nos da sua herança'.

39 E assim, eles o agarraram, jogaram-no para fora da plantação de videiras e o assassinaram.12

40 Sendo assim, quando vier o dono da vinha, o que fará com aqueles lavradores?".

41 Diante disso, responderam-lhe: "Ele destruirá esses perversos de forma terrível e arrendará seu campo de videiras para outros cultivadores que lhe enviem a sua parte no devido tempo das colheitas".13

42 Então Jesus lhes inquiriu: "Nunca lestes isto nas Escrituras? 'A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular; e isso procede do Senhor, sendo portanto, maravilhoso para nós'.

43 Por isso, Eu vos declaro que o Reino de Deus será retirado de vós para ser entregue a um povo que produza frutos dignos do Reino.

44 Todo aquele que cair sobre esta pedra se arrebentará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó!".14

45 Depois que os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas que Jesus lhes havia contado, compreenderam que era sobre eles próprios que Jesus estava falando.

46 E por causa disso procuravam um motivo para prendê-lo; mas tinham receio das multidões, porquanto elas o consideravam profeta.



Cap. 22 - A parábola do banquete nupcial

(Lc 14.15-24)

1 Jesus continuou a pregar-lhes por meio de parábolas, dizendo:

2 "O Reino dos céus é semelhante a um rei que mandou realizar um banquete nupcial para seu filho.1

3 E, por isso, enviou seus servos a conclamar os convidados para as bodas do filho; mas estes rejeitaram o chamamento.

4 Uma vez mais, mandou outros servos, com esta ordem: 'Dizei aos que foram convidados que lhes preparei meu banquete; os meus bois e meus novilhos gordos foram abatidos, e tudo está preparado. Vinde todos os convidados para as bodas do meu filho!'2

5 Mas os convidados nem deram atenção ao chamado dos servos e se afastaram: um para o seu campo, outro para os seus negócios.

6 E outros ainda, atacando os servos, maltrataram-nos e os assassinaram.

7 O rei indignou-se sobremaneira e, enviando seu exército, aniquilou aqueles criminosos e incendiou-lhes a cidade.3

8 Então, disse o rei a seus servos: 'O banquete de casamento está posto, contudo os meus convidados não eram dignos.

9 Ide, pois, às esquinas das ruas e convidai para as bodas todas as pessoas que encontrardes.

10 E, assim, os servos saíram pelas estradas e reuniram todos quantos puderam encontrar, gente boa e pessoas más, e a sala do banquete das bodas ficou repleta de convidados.

11 Entretanto, quando o rei entrou para saudar os convidados que estavam à mesa, percebeu que um homem não trajava as vestes nupciais.

12 E indagou-lhe: 'Amigo, como adentraste este recinto sem as suas vestes próprias para as bodas?' Mas o homem não teve resposta.

13 Então, ordenou o rei aos seus servos: 'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o para fora, às trevas; ali haverá grande lamento e ranger de dentes'.4

14 Portanto, muitos são chamados, mas poucos, escolhidos!".


 

Dai a César o que é de César

(Mc 12.13-17; Lc 20.20-26)

15 E, assim, se afastaram os fariseus, tramando entre si como fariam para enredar a Jesus em suas próprias afirmações.

16 Então, mandaram-lhe seus seguidores juntamente com alguns herodianos, que lhe questionaram: "Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te deixares induzir por quem quer que seja, pois não te seduzes pela aparência das pessoas.

17 Sendo assim, dize-nos: que te pareces? É correto pagar impostos a César ou não?".5

18 Contudo, Jesus percebeu a má intenção deles e replicou-lhes: "Por que me tentais, hipócritas?

19 Deixai-me ver a moeda com a qual se pagais os tributos". E eles lhe mostraram um denário.

20 Então lhes indagou: "De quem é esta figura e esta inscrição?".

21 Responderam-lhe: "De César!". Então, lhes afirmou: "Portanto, dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus!".

22 Ao ouvirem tal resposta, ficaram perplexos e, afastando-se dele, se retiraram.6


 

Os saduceus e a ressurreição

(Mc 12.18-27; Lc 20.27-40)

23 Naquele mesmo dia, os saduceus, que pregam a inexistência da ressurreição, aproximaram-se de Jesus com uma questão:7

24 "Mestre, Moisés ensinou que se um homem morrer sem deixar filhos, seu irmão deverá casar-se com a viúva e dar-lhe descendência.

25 Entre nós havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu. Como não teve filhos, deixou a mulher para seu irmão.

26 Da mesma maneira ocorreu com o segundo, com o terceiro, até chegar ao sétimo.

27 Finalmente, após a morte de todos, a mulher também faleceu.

28 Sendo assim, na ressurreição, de qual dos sete ela será esposa, considerando que todos foram casados com ela?"

29 Então Jesus lhes esclareceu: "Vós estais equivocados por não conhecerdes as Escrituras nem o poder de Deus!

30 Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são dadas em matrimônio; são, todavia, como os anjos do céu.

31 E, com relação à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou:

32 'Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó'? Por isso, Ele não é Deus de mortos, mas sim, dos que vivem!".8

33 Ao ouvir tudo isso, as multidões ficaram estupefatas com o ensino de Jesus.


 

O maior dos mandamentos

(Mc 12.28-34)

34 Assim que os fariseus ouviram que Jesus havia deixado os saduceus sem palavras, reuniram-se em conselho.

35 E um deles, juiz perito na Lei, formulou uma questão para submeter Jesus à prova:

36 "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?"9

37 Asseverou-lhe Jesus:

"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua inteligência.10

38 Este é o primeiro e maior dos mandamentos.

39O segundo, semelhante a este, é:

'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'.

40 A estes dois mandamentos estão sujeitos toda a Lei e os Profetas".


 

Jesus é o Senhor de Davi

(Mc 12.35-37; Lc 20.41-44)

41 Estando reunidos os fariseus, Jesus lhes indagou:

42 "Qual a vossa opinião acerca do Messias? De quem Ele é filho?". Ao que eles lhe afirmaram: "É filho de Davi".

43 Contestou-lhes Jesus: "Então, como se explica que Davi, falando pelo Espírito, o trata de 'Senhor'? Pois ele afirma:

44 'O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que Eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés'.

45 Considerando que Davi o chama 'Senhor', como pode ser Ele seu filho?".11

46 E ninguém foi capaz de oferecer-lhe uma só palavra em resposta à questão; tampouco ousou alguém mais, a partir daquele dia, dirigir-lhe qualquer outra pergunta.



Cap. 23 - Os doutores da Lei falam, mas não agem

(Mc 12.38-40; Lc 11.37-52; 20.45-47)

1 Então, Jesus pregou às multidões e aos seus discípulos:

2 "Os escribas e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés.1

3 Fazei e obedecei, portanto, a tudo quanto eles vos disserem. Contudo, não façais o que eles fazem, porquanto não praticam o que ensinam.

4 Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens. No entanto, eles próprios não se dispõem a levantar um só dedo para movê-los.

5 Tudo o que realizam tem como alvo serem observados pelas pessoas. Por isso, fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes mais longas.2

6 Amam o lugar de honra nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas.

7 Gostam de ser cumprimentados nas praças e de serem, pelas pessoas, chamados: 'Rabi, Rabi!'.3

8 Vós, todavia, não sereis tratados de 'Rabis'; pois um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.

9 E a ninguém sobre a terra tratai de vosso Pai; porquanto só um é o vosso Pai, aquele que está nos céus.

10 Também não sereis chamados de líderes, pois um só é o vosso Líder, o Cristo.4

11 Porém o maior dentre vós seja vosso servo.

12 Portanto, todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.

13 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens. Porquanto vós mesmos não entrais, nem tampouco deixais entrar os que estão a caminho!5

14 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque devorais as casas das viúvas e, para disfarçar, encenais longas orações. E, por isso, recebereis castigo ainda mais severo!

15 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque viajais por mares e terras para fazer de alguém um prosélito. No entanto, uma vez convertido, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós!

16 Ai de vós, guias cegos! Porque ensinais: 'Se uma pessoa jurar pelo santuário, isso não tem significado; porém, se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado a cumprir o que prometeu'.

17 Tolos e cegos! Pois o que é mais importante: o ouro ou o santuário que santifica o ouro?

18 E mais, dizeis: 'Se uma pessoa jurar pelo altar, isso nada significa; mas, se alguém jurar pela oferta que está sobre ele, fica, assim, comprometido ao seu juramento'.

19 Embotados! O que é mais importante: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?

20 Portanto, a pessoa que jurar em nome do altar, jura pelo altar e por tudo o que está sobre ele.

21 E quem jurar pelo santuário, jura pelo santuário e em nome daquele que nele habita.

22 E aquele que jurar pelos céus, jura pelo trono de Deus e em nome daquele que nele está assentado.6

23 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Deveis, sim, praticar estes preceitos, sem omitir aqueles!7

24 Líderes insensíveis! Pois coais o pequeno mosquito, mas engolis um camelo!8

25 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro, estes estão repletos de avareza e cobiça.

26 Fariseu que não enxerga! Limpa, antes de tudo, o interior do copo e do prato, para que da mesma forma, o exterior fique limpo!

27 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque sois parecidos aos túmulos caiados: com bela aparência por fora, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e toda espécie de imundície!9

28 Assim também sois vós: exteriormente pareceis justos ao povo, mas vosso interior está repleto de falsidade e perversidade.

29 Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque construís os sepulcros dos profetas, adornais os túmulos dos justos.

30 E declarais: 'Se tivéssemos vivido na época dos nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no assassinato dos profetas!'

31 Dessa forma, porém, testemunhais contra vós mesmos que sois filhos dos que mataram os profetas.

32 Acabai, pois, de encher a medida do pecado de vossos pais!

33 Cobras venenosas, ninho de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?

34 Por isso, eis que Eu vos envio profetas, sábios e mestres. A uns assassinareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade.

35 E, dessa maneira, sobre vós recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar.10

36 Com toda a certeza vos asseguro, que tudo isso ocorrerá a esta geração".


 

O lamento sobre Jerusalém

(Lc 13.34-35)

37 "Ó Jerusalém, Jerusalém, que assassinas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a galinha acolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes!11

38 Eis que a vossa casa ficará abandonada!12

39 Pois eu vos declaro que, a partir de agora, de modo algum me vereis, até que venhais a dizer: 'Bendito é o que vem em o Nome do Senhor!'"13



Cap. 24 - Jesus prediz o final dos tempos

(Mc 13.1-2; Lc 21.5-6)

1 Então, Jesus saiu do templo e, ao caminhar, seus discípulos chegaram mais perto dele para lhe apontar as construções do templo.

2 Ele, entretanto, lhes observou: "Estais vendo todas estas coisas? Com toda a certeza Eu vos afirmo que não ficará aqui pedra sobre pedra, pois que serão todas derrubadas".1


 

O princípio das dores

(Mc 13.3-13; Lc 21.7-19)

3 Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, os discípulos chegaram até Ele em particular e lhe pediram: "Dize-nos quando ocorrerão estas coisas?2 E qual será o sinal da tua vinda e do final dos tempos?".

4 Então Jesus lhes revelou: "Cuidado, que ninguém vos seduza.

5 Pois muitos são os que virão em meu nome, proclamando: 'Eu sou o Cristo!', e desencaminharão muitas pessoas.

6 E vós ouvireis falar de guerras e rumores de guerras, todavia não vos desespereis, porque é preciso que tais coisas ocorram, mas ainda não será o fim.

7 Porquanto, nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares.

8 Contudo, esses acontecimentos serão apenas como as primeiras dores de um parto.

9 Então eles vos entregarão para serem afligidos e condenados à morte. E sereis odiados por todas as nações por serem meus seguidores.

10 Nessa época, muitos ficarão escandalizados, trairão uns aos outros e se odiarão mutuamente.

11 Então, numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos.

12 E, por causa da multiplicação da maldade, o amor da maioria das pessoas se esfriará.

13 Aquele, porém, que continuar firme até o final será salvo.

14 E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo habitado, como testemunho a todas as nações, e então chegará o fim.


 

A grande tribulação

(Mc 13.14-23; Lc 21.7-19)

15 E, assim, quando virdes a profanação horrível da qual falou o profeta Daniel, no Lugar Santo (ao ler o profeta entendereis isso),3

16 então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes.4

17 Quem estiver sobre o telhado de sua casa, não desça para retirar dela coisa alguma.

18 E aquele que estiver no campo, não volte para pegar sua túnica.

19 Serão dias terríveis para as mulheres grávidas e para as que estiverem amamentando.

20 E orai para que a vossa fuga não ocorra durante o inverno nem no sábado.5

21 Porquanto haverá nessa época grande tribulação, como jamais aconteceu desde o início do mundo até agora, nem nunca mais haverá.6

22 E, se aqueles dias não tivessem sido abreviados, nenhuma carne seria salva. Mas, por causa dos eleitos, aquele tempo será encurtado.7

23 Então, se alguém vos anunciar: 'Vede, aqui está o Cristo!' ou 'Ei-lo ali!' Não acrediteis.

24 Pois se levantarão falsos cristos e falsos profetas e apresentarão grandes milagres e prodígios para, se possível, iludir até mesmo os eleitos.8

25 Vede que Eu o preanunciei a vós!

26 Portanto, se vos disserem: 'Eis que Ele está no deserto!'- não saiais. Ou ainda: 'Ele está ali mesmo, nos cômodos de uma casa!'- não acrediteis.

27 Pois, da mesma maneira como o relâmpago parte do oriente e brilha até no ocidente, assim também se dará a vinda do Filho do homem.9

28 Onde houver um cadáver, aí se reunirão os abutres.


 

O retorno de Cristo em glória

(Mc 13.24-27; Lc 21.25-28)

29 Imediatamente após o tormento daqueles dias, o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz; e as estrelas cairão do céu, e os poderes celestes serão estremecidos.

30 Então surgirá no céu o sinal do Filho do homem, e todos os povos da terra prantearão e verão o Filho do homem chegando nas nuvens do céu com poder e majestosa glória.10

31 Ele enviará os seus anjos, com poderoso som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.


 

A lição da figueira: o Dia do Senhor

(Mc 13.28-37; Lc 21.29-36)

32 Portanto, aprendei com a parábola da figueira: quando, pois, os seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, sabeis que está próximo o verão.

33 Da mesma forma vós: quando virdes todos esses acontecimentos, sabei que Ele está muito próximo, às portas.11

34 Com toda a certeza Eu vos afirmo, que não passará esta geração até que todos esses eventos se realizem.

35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.


 

Só Deus sabe o dia e a hora exatos

(Mc 13.32-37)

36 Entretanto, a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão exclusivamente o Pai.12

37 Como aconteceu nos dias de Noé, assim também se dará por ocasião da chegada do Filho do homem.

38 Porque nos dias que antecederam ao Dilúvio, o povo levava a vida comendo e bebendo, casando-se e oferecendo-se em matrimônio, até o dia em que Noé entrou na arca,

39 e as pessoas nem notaram, até que chegou o Dilúvio e levou a todos. Assim ocorrerá na vinda do Filho do homem.

40 Dois homens estarão na lavoura: um será arrebatado, mas o outro deixado.

41 Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será arrebatada, a outra ficará pra trás.

42 Por isso, vigiai, porquanto não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.13

43 Contudo, entendei isto: se o proprietário de uma casa soubesse a que hora viria o ladrão, se colocaria em sentinela e não permitiria que a sua residência fosse violada.

44 Portanto, ficai igualmente vós alertas; pois o Filho do homem virá no momento em que menos esperais.14


 

O destino do bom e do mau servo

(Lc 12.42-46)

45 Sendo assim, quem é o servo fiel e sábio, a quem o senhor confiou os de sua casa para dar-lhes alimento no seu devido tempo?

46 Feliz aquele servo a quem o seu senhor, quando voltar, o encontrar agindo dessa maneira.

47 Com certeza vos afirmo que o senhor confiará a seu servo todos os seus bens.

48 Entretanto, supondo que esse servo, sendo mau, diga a si mesmo: 'Meu senhor está demorando muito',

49 e, por isso, passe a agredir os seus conservos e a comer e beber com beberrões.

50 O senhor daquele servo virá num dia inesperado e numa hora que o servo desconhece.

51 E o senhor o punirá com toda a severidade e lhe dará um lugar ao lado dos hipócritas, onde haverá grande lamento e ranger de dentes.15



Cap. 25 - As virgens sábias e as tolas

1 Portanto, o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que pegaram suas candeias e saíram para encontrar-se com o noivo.1

2 Cinco delas eram sábias, mas outras cinco eram inconseqüentes.

3 As que eram inconseqüentes, ao pegarem suas candeias, não levaram óleo de reserva consigo.

4 Entretanto, as prudentes, levaram óleo em vasilhas, junto com suas candeias.2

5 O noivo demorou a chegar, e todas ficaram com sono e adormeceram.

6 À meia-noite, ouviu-se um grito: 'Eis que vem o noivo! Saí ao seu encontro!'

7 Então, todas as virgens acordaram e foram preparar suas candeias.3

8 As insensatas recorreram às sábias: 'Dai-nos um pouco do vosso azeite, porque as nossas candeias estão se apagando'.

9 Porém as sábias responderam: 'Não podemos, pois assim faltará tanto para nós quanto para vós outras! Ide, portanto, aos que o vendem e comprai-o'.

10 Mas, saindo elas para comprar, chegou o noivo. As virgens que estavam preparadas entraram com ele para o banquete de núpcias. E a porta foi fechada.

11 Mais tarde, todavia, chegaram as virgens imprudentes e clamaram: 'Senhor! Senhor! Abre a porta para nós!'

12 Contudo ele lhes respondeu: 'Com certeza vos afirmo que não vos conheço'.

13 Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, tampouco a hora em que o Filho do homem chegará.4


 

O investimento dos talentos

14 Digo também que o Reino será como um senhor que, ao sair de viagem, convocou seus servos e confiou-lhes os seus bens.

15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um talento; a cada um conforme a sua capacidade pessoal. E, em seguida, partiu de viagem.5

16 O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, investiu-os, e ganhou mais cinco.

17 Da mesma forma, o que recebera dois talentos ganhou outros dois.

18 Entretanto, o que tinha recebido um talento afastou-se, cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro que o seu senhor havia confiado aos seus cuidados.

19 Após um longo tempo, retornou o senhor daqueles servos e foi acertar contas com eles.

20 Então, o servo que recebera cinco talentos se aproximou do seu senhor e lhe entregou mais cinco talentos, informando: 'O senhor me confiou cinco talentos; eis aqui mais cinco talentos que ganhei'.

21 Respondeu-lhe o senhor: 'Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da alegria do teu senhor!'.

22 Assim também, aproximou-se o que recebera dois talentos e relatou: 'Senhor, dois talentos me confiaste; trago-lhe mais dois talentos que ganhei'.

23 O senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar. Entra e participa da alegria do teu senhor!'.

24 Chegando, finalmente, o que tinha recebido apenas um talento, explicou: 'Senhor, eu te conheço, sei que és um homem severo, que colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou.

25 Por isso, tive receio e escondi no chão o teu talento. Aqui está, toma de volta o que te pertence'.

26 Sentenciou-lhe, porém, o senhor: 'Servo mau e negligente! Sabias que colho onde não plantei e ajunto onde não semeei?

27 Então, por isso, ao menos devíeis ter investido meu talento com os banqueiros, para que quando eu retornasse, o recebesse de volta, mais os juros.6

28 Sendo assim, tirai dele o talento que lhe confiei e dai-o ao servo que agora está com dez talentos.

29 Pois a quem tem, mais lhe será confiado, e possuirá em abundância. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado.

30 Quanto ao servo inútil, lançai-o para fora, às trevas. Ali haverá muito pranto e ranger de dentes'.7


 

O juízo final

31 Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, então, se assentará em seu trono na glória nos céus.

32 Todas as nações serão reunidas diante dele, e Ele irá separar umas das outras, como o pastor separa os bodes das ovelhas.

33 E posicionará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.

34 Então, dirá o Rei a todos que estiverem à sua direita: 'Vinde, abençoados de meu Pai! Recebei como herança o Reino, o qual vos foi preparado desde a fundação do mundo.

35 Pois tive fome, e me destes de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes.

36 Quando necessitei de roupas, vós me vestistes; estive enfermo, e vós me cuidastes; estive preso, e fostes visitar-me'.

37 Então, os justos desejarão saber: 'Mas, Senhor! Quando foi que te encontramos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te saciamos?

38 E quando te recebemos como estrangeiro e te hospedamos? Ou necessitado de roupas e te vestimos?

39 Ou ainda, quando estiveste doente ou encarcerado e fomos ver-te?'.

40 Então o Rei, esclarecendo-lhes responderá: 'Com toda a certeza vos asseguro que, sempre que o fizestes para algum destes meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o fizestes'.8

41 Mas o Rei ordenará aos que estiverem à sua esquerda: 'Malditos! Apartai-vos de mim. Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos.

42 Porquanto tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e nada me destes de beber.

43 Sendo estrangeiro, não me hospedastes; estando necessitado de roupas, não me vestistes; encontrando-me enfermo e aprisionado, não fostes visitar-me'.

44 E eles também perguntarão: 'Mas Senhor! Quando foi que te vimos com fome, sedento, estrangeiro, necessitado de roupas, doente ou preso e não te auxiliamos?'

45 Então o Rei lhes sentenciará: 'Com toda a certeza vos asseguro que, sempre que o deixastes de fazer para algum destes meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o deixastes de fazer'.

46 Sendo assim, estes irão para o sofrimento eterno, porém os justos, para a vida eterna".



Cap. 26 - A trama para matar Jesus

(Mc 14.3-9; Lc 22.1-2; Jo 11.45-53)

1 Tendo Jesus concluído esses ensinamentos, declarou aos seus discípulos:

2 "Como sabeis, daqui a dois dias, a Páscoa será celebrada; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado".1

3 Enquanto isso, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás.2

4 E fizeram um acordo para prender Jesus por meio de traição e matá-lo.

5 Porém recomendaram: "Que isso não seja feito durante a festa, para que não ocorra grande alvoroço entre o povo".


 

Jesus é ungido para o sacrifício

(Mc 14.3-9; Jo 12.1-8)

6 E aconteceu que, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso,

7 chegou próximo dele uma mulher portando um frasco de alabastro, repleto de perfume caríssimo, e lhe derramou sobre a cabeça, enquanto ele estava reclinado à mesa.

8 Diante daquela cena, os discípulos se indignaram e comentaram: "Por que este desperdício?

9 Porquanto esse perfume poderia ser vendido por alto preço e o dinheiro dado aos pobres!".

10 Percebendo isso, Jesus repreendeu-os: "Por que molestais esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo.

11 Pois, quanto aos pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tereis.

12 Ao derramar sobre o meu corpo esse bálsamo, ela o fez como que preparando-me para o sepultamento.3

13 Com toda a certeza vos afirmo: Em todos os lugares do mundo, onde este evangelho for pregado, igualmente será contado o que essa mulher realizou, como um memorial a ela".


 

O pacto da traição

(Mc 14.10-11; Lc 22.3-6)

14 E aconteceu que um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ao encontro dos chefes dos sacerdotes e lhes propôs:

15 "O que me dareis caso eu vo-lo entregue?". E lhe pagaram o preço: trinta moedas de prata.

16 E, desse momento em diante, procurava Judas uma ocasião apropriada para entregar Jesus.


 

A Ceia do Senhor

(Mc 14.12-26; Lc 22.7-23; Jo 13.18-30)

17 No primeiro dia da festa dos Pães Asmos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e o consultaram: "Onde desejas que preparemos a refeição da Páscoa?".

18 Ao que Jesus os orientou: "Ide à cidade, procurai um certo homem e falai a ele: 'O Mestre manda dizer-te: É chegada a minha hora. Desejo celebrar a Páscoa em tua casa, juntamente com meus discípulos.'"

19 Os discípulos fizeram como Jesus lhes havia instruído e prepararam a Páscoa.4


 

Jesus revela o traidor

(Mc 14.17-21; Lc 22.21-23; Jo 13.21-30)

20 Ao pôr-do-sol, estava Jesus reclinado, próximo à mesa, com os Doze.5

21 E, durante a refeição, Jesus revelou: "Com toda a certeza vos afirmo que um dentre vós me trairá".

22 Essa declaração consternou a todos e começaram a indagar, um após outro: "Senhor! Porventura, serei eu?".

23 Indicou-lhes Jesus: "Aquele que comeu juntamente comigo, do mesmo prato, este é o que vai me trair.

24 O Filho do homem vai, como de fato está escrito a respeito dele. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria jamais haver nascido".

25 Então Judas, que haveria de consumar a traição, disse: "Acaso, seria eu, meu Mestre?". E Jesus afirmou-lhe: "Sim, tu o declaraste!".6


 

A Ceia do Senhor

(Mc 14.22-26; Lc 22.14-20; 1Co 11.23-25)

26 Enquanto comiam, Jesus pegou um pão, deu graças, quebrou-o, e o deu aos seus discípulos, recomendando: "Tomai, comei; isto é o meu corpo".

27 Em seguida tomou um cálice, deu graças e o entregou aos seus discípulos, proclamando: "Bebei dele todos vós.

28 Pois isto é o meu sangue da aliança, derramado em benefício de muitos, para remissão de pecados.

29 E vos afirmo que, de agora em diante, não mais tomarei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o novo vinho, convosco, no Reino de meu Pai".

30 E assim, após terem cantado um hino de louvor, saíram para o monte das Oliveiras.7


 

Jesus prediz a traição de Pedro

(Mc 14.27-31; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38)

31 Então Jesus lhes revelou: "Ainda esta noite, todos vós me abandonareis. Pois assim está escrito: 'Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão afugentadas'.8

32 Todavia, depois de ressuscitar, seguirei adiante de vós rumo à Galiléia".

33 Respondeu-lhe Pedro: "Ainda que venhas a ser motivo de escândalo para todos, eu jamais te abandonarei!".

34 Replicou-lhe Jesus: "Com certeza te asseguro que, ainda nesta noite, antes mesmo que o galo cante, três vezes tu me negarás".

35 Então Pedro lhe declarou: "Mesmo que seja necessário que eu morra junto a ti, de modo algum te negarei!". E todos os discípulos fizeram a mesma afirmação.


 

Jesus ora no Getsêmani

(Mc 14.32-42; Lc 22.39-46)

36 Seguiu Jesus com seus discípulos e chegando a um lugar chamado Getsêmani disse-lhes: "Assentai-vos por aqui, enquanto vou ali para orar".

37 Levou consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, e começando a entristecer-se ficou profundamente angustiado.

38 Então compartilhou com eles dizendo: "A minha alma está sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a mim".

39 Seguindo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: "Ó meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja como Eu desejo, mas sim como Tu queres".

40 Mas, ao retornar à presença dos seus discípulos os encontrou dormindo e questionou a Pedro: "E então? Não pudestes vigiar comigo durante uma só hora?

41 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca".9

42 E afastando-se uma vez mais, orou dizendo: "Ó meu Pai, se este cálice não puder passar de mim sem que eu o beba, seja feita a tua vontade".

43 Quando voltou, entretanto, surpreendeu novamente seus discípulos dormindo, pois não suportaram os olhos pesados de sono.

44 Então, retirou-se novamente, e foi orar pela terceira vez, proferindo as mesmas palavras.

45 Passado algum tempo, voltou aos discípulos e indagou: "Ainda dormis e descansais? Eis que a hora é chegada! Agora o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores.

46 Levantai-vos e sigamos! Eis que meu traidor está se aproximando".10


 

Jesus é traído e preso

(Mc 14.43-50; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11)

47 E, estando Ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos Doze, e trazia consigo uma grande multidão armada de espadas e porretes, vinda da parte dos chefes dos sacerdotes e dos líderes religiosos do povo.11

48 Mas o traidor havia combinado um sinal com eles, informando-lhes: "Aquele a quem eu saudar com um beijo, esse é quem procurais, prendei-o!".

49 Então, aproximando-se rapidamente de Jesus, disse-lhe Judas: "Eu te saúdo, ó Mestre!". E lhe deu um beijo.

50 Jesus, contudo, lhe perguntou: "Amigo, para que vieste?". No mesmo instante os homens avançaram sobre Jesus e o prenderam.12

51 Eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou a espada e ferindo o servo do sumo sacerdote, decepou-lhe uma das orelhas.

52 Mas Jesus lhe ordenou: "Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão!

53 Ou imaginas tu que Eu, neste momento, não poderia orar ao meu Pai e Ele colocaria à minha disposição mais de doze legiões de anjos?

54 Entretanto, como então se cumpririam as Escrituras, que afirmam que tudo deve acontecer desta maneira?".

55 E naquele mesmo instante Jesus se dirige às multidões indagando-lhes: "Lidero Eu algum tipo de rebelião, para que venham contra mim com espadas e porretes e me prendam? Pois todos os dias estive ensinando no templo e vós não me prendestes!

56 Todavia, esses fatos todos ocorreram em cumprimento às Escrituras dos profetas". E assim, todos os discípulos abandonaram a Jesus e fugiram.13


 

Jesus diante do tribunal

(Mc 14.53-65; Lc 22.63-71; Jo 18.12-14, 19-24)

57 Então, os que prenderam Jesus o conduziram à presença de Caifás, o sumo sacerdote, em cuja residência estavam reunidos os mestres da lei e os anciãos.

58 Contudo Pedro seguiu a Jesus de longe até o pátio do sumo sacerdote, entrou e sentou-se junto aos guardas, para sondar qual seria o fim daquela ocorrência.

59 Mas os líderes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam tentando suscitar um falso testemunho contra Jesus, para que tivessem o direito de condená-lo à morte.14

60 Todavia, nada encontraram, apesar de se terem apresentado vários depoimentos inverídicos. Ao final, entretanto, compareceram duas testemunhas que alegaram:

61 "Este homem afirmou: 'Tenho poder para destruir o santuário de Deus e reconstruí-lo em três dias'".15

62 Então o sumo sacerdote levantou-se e interrogou a Jesus: "Não tens o que responder a estes que depõem contra ti?".

63 Mas Jesus manteve-se em silêncio. Diante do que o sumo sacerdote lhe intimou: "Eu te coloco sob juramento diante do Deus vivo e exijo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus!".16

64 "Tu mesmo o declaraste", afirmou-lhe Jesus. "Contudo, Eu revelo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso, vindo sobre as nuvens do céu!".

65 Diante disso, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes denunciando: "Ele blasfemou! Por que necessitamos de outras testemunhas? Eis que acabais de ouvir tal blasfêmia!".17

66 "Que vos parece?". Responderam eles: "Culpado e merecedor de morte é!".

67 Neste momento, alguns cuspiram em seu rosto e o esmurravam, enquanto outros lhe desferiam tapas, vociferando:

68 "Profetiza-nos, pois, ó Cristo, quem é que te bateu?".18


 

Quando Pedro negou a Jesus

(Mc 14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27)

69 Pedro encontrava-se assentado do lado de fora da casa, no pátio, quando uma criada, aproximando-se dele, afirmou: "Tu também estavas com Jesus, o galileu!".

70 Ele, entretanto, negou a Jesus perante todos os presentes, declarando: "Não sei do que falas.".

71 E, saindo em direção à entrada do pátio, foi ele reconhecido por outra criada, a qual o denunciou a todos que ali se achavam, exclamando: "Este homem estava com Jesus, o Nazareno!".

72 Mas Pedro, sob juramento, o negou uma vez mais, afirmando: "Não conheço tal indivíduo"..

73 Algum tempo mais tarde, os que estavam ao redor aproximaram-se de Pedro e o acusaram: "Com toda a certeza és igualmente um deles, porquanto o teu modo de falar o denuncia".19

74 Então, ele começou a jurar e a pedir a Deus que o amaldiçoasse caso não estivesse dizendo a verdade, e exclamou: "Não conheço esse homem!". No mesmo instante um galo cantou.

75 E naquele momento, Pedro se lembrou da palavra de Jesus que lhe advertira: "Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes." E, deixando aquele lugar, chorou amargamente.20



Cap. 27 - Jesus é levado a Pilatos

(Mc 15.1; Lc 23.1-2; Jo 18.28-32)

1 Assim que o dia amanheceu, todos os chefes dos sacerdotes, e os líderes religiosos, anciãos do povo, conspiraram para condenar Jesus à morte.1

2 Então, amarrando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.2


 

Judas com remorso suicida-se!

3 E sucedeu que Judas, seu traidor, ao ver que Jesus havia sido condenado, sentiu terrível remorso e procurou devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata.

4 E declarou: "Pequei, pois traí sangue inocente". Mas eles alegaram: "O que temos a ver com isso? Esta é tua questão!".

5 Judas atirou então as moedas de prata dentro do templo e, abandonando aquele lugar, foi e enforcou-se.

6 Entretanto, os chefes dos sacerdotes ajuntaram as moedas e comentaram: "É contra a lei depositarmos este dinheiro no cofre das ofertas, pois foi obtido a preço de sangue".

7 Mas concordaram em usar aquelas moedas de prata para comprar o Campo do Oleiro, e formar um cemitério para estrangeiros.

8 Por esse motivo ele se chama Campo de Sangue até estes dias.

9 E assim se cumpriu o que fora anunciado pelo profeta Jeremias: "Então eles tomaram as trinta moedas de prata, o valor que lhe atribuíram os filhos de Israel.3

10 E as usaram para comprar o Campo do Oleiro, assim como o Senhor me havia indicado".


 

Pilatos lava as mãos

(Mc 15.1-15; Lc 23.1-5, 13-25; Jo 18.33-19.16)

11 Jesus foi conduzido à presença do governador; e este o interrogou: "És tu o rei dos judeus?". Afirmou-lhe Jesus: "Tu o dizes".4

12 Então, passou a ser acusado pelos chefes dos sacerdotes e pelos anciãos, mas Ele nada respondeu.

13 Foi quando lhe questionou Pilatos: "Não ouves a acusação que todos levantam contra Ti?"

14 Jesus, entretanto, mantinha-se em absoluto silêncio; e, por isso, ficou o governador fortemente impressionado.

15 Contudo, por ocasião da festa, era costume do governador dar liberdade a um prisioneiro escolhido pelo povo.

16 Detinham eles, naqueles dias, um criminoso muito conhecido de todos, chamado Barrabás.

17 Então, Pilatos dirigiu-se à multidão que ali se havia reunido e lhes propôs: "A quem desejais que eu vos solte, a Barrabás ou a este Jesus, que é chamado de Messias?".

18 Isso porque tinha conhecimento de que o haviam entregado por inveja.

19 E aconteceu que estando Pilatos sentado no trono do tribunal, sua esposa lhe enviou a seguinte mensagem: "Não faças nada contra este homem inocente; pois hoje, em sonho, muitas coisas sofri por causa dele".5

20 Todavia, os chefes dos sacerdotes e os anciãos influenciaram a multidão para exigir o livramento de Barrabás e a execução de Jesus.

21 Então, o governador entregou à multidão o dilema: "Qual dos dois homens quereis que eu vos deixe livre?" Exclamaram eles: "Barrabás!".

22 Pilatos ainda questionou-lhes: "Se assim é, que farei de Jesus, que é chamado de Messias?" Bradaram todos: "Crucifica-o!".

23 Outra vez insta Pilatos: "Por quê? Que crime cometeu este homem?". Apesar de tudo, a multidão esbravejava ainda mais furiosa: "Crucifica-o!".

24 Percebendo Pilatos que não conseguia demover o povo, mas, ao contrário, um princípio de tumulto já era visível, ordenou que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante da multidão e exclamou: "Estou inocente do sangue deste homem justo. Esta é uma questão vossa!".

25 E todo o povo respondeu: "Caia sobre nossas cabeças o seu sangue, e sobre nossos filhos!"."6

26 Diante disso, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou que Jesus fosse flagelado e o entregou para ser crucificado.7


 

Jesus é humilhado e agredido

(Mc 15.16-20)

27 E sucedeu que os soldados do governador conduziram Jesus ao Pretório e agruparam toda a tropa ao redor dele.8

28 Despojaram-no de suas vestes e o cobriram com um manto vermelho vivo.

29 Trançaram uma coroa de espinhos e a forçaram sobre sua cabeça. Puseram em sua mão direita um caniço e, ajoelhando-se diante dele, escarneciam exclamando: "Salve! Salve! Ó Rei dos Judeus!".

30 Cuspiram nele e, tirando o caniço de sua mão, espancavam-lhe com ele a cabeça.

31 Depois de haverem zombado dele, despiram-lhe o manto e o vestiram com suas próprias roupas. Em seguida, o levaram para ser crucificado.


 

A crucificação do Rei

(Mc 15.22-32; Lc 23.32; Jo 19.17-24)

32 Assim que saíram, encontraram um homem da cidade de Cirene, chamado Simão, e o obrigaram a carregar a cruz.9

33 Chegaram a um lugar conhecido como Gólgota, que significa Lugar da Caveira.10

34 Deram-lhe para beber uma mistura de vinho com absinto; mas ele, depois de prová-la, negou-se a beber.

35 E aconteceu que após sua crucificação, dividiram entre si as roupas que lhe pertenciam, jogando sortes.

36 E se acomodaram ali, para o vigiar.

37 Acima de sua cabeça fixaram por escrito a acusação forjada contra ele: "ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS".

38 Dois ladrões foram crucificados com ele, um à sua direita e outro à sua esquerda.

39 As pessoas que passavam lançavam-lhe impropérios, balançando a cabeça.

40 E exclamavam: "Ó tu que destróis o templo e em três dias o reconstróis! Agora salva-te a ti mesmo. Desce desta cruz, se és o Filho de Deus!".

41 Do mesmo modo, os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os anciãos zombavam dele, vociferando:

42 "Salvou a muitos, mas a si mesmo não pode salvar-se. É o Rei de Israel! Desça agora da cruz, e passaremos a crer nele.

43 Pregou sua confiança em Deus. Então que Deus o salve neste instante, se verdadeiramente por ele tem piedade, pois afirmou: 'Sou Filho de Deus!'".

44 Igualmente o ultrajavam os ladrões que ao seu lado haviam sido também crucificados.11


 

A morte de Jesus na cruz

(Mc 15.33-41; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30)

45 Então, profundas trevas caíram por sobre toda a terra, do meio-dia às três horas da tarde daquele dia.12

46 E, por volta das três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?", que significa "Meu Deus, Meu Deus! Por que me abandonaste?".

47 Mas alguns dos que ali estavam, ao ouvirem isso, comentaram: "Ele chama por Elias".13

48 Sem demora, um deles correu em busca de uma esponja, embebeu-a em vinagre, colocou-a na ponta de um caniço, ergueu-a até Jesus e deu-lhe a beber.

49 Entretanto, os outros o censuraram: "Deixa! Vejamos se Elias vem livrá-lo".

50 Então Jesus exclamou, uma vez mais, em alta voz e entregou o espírito.14

51 No mesmo instante, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra estremeceu, e fenderam-se as rochas.15

52 Os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que haviam morrido foram ressuscitados.

53 E, deixando as sepulturas, logo após a ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram para muitas pessoas.

54 E aconteceu que o centurião e os que com ele vigiavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, foram tomados de grande pavor e gritaram: "É verdade! É verdade! Este era o Filho de Deus!".

55 Estavam presentes várias mulheres, observando de longe; eram discípulas, que vinham seguindo Jesus desde a Galiléia, para o servirem.16

56 Entre as quais estavam Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago e de José; e a mãe dos filhos de Zebedeu.


 

O sepultamento do corpo de Jesus

(Mc 15.42-47; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42)

57 Ao pôr-do-sol chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, o qual havia se tornado discípulo de Jesus.

58 Teve ele uma audiência com Pilatos para pedir-lhe o corpo de Jesus, e Pilatos ordenou que lhe fosse entregue.

59 Então, José tomou o corpo e o envolveu com um lençol limpo de linho.

60 E o colocou em um sepulcro novo, o qual ele próprio havia mandado cavar na rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro, retirou-se.

61 Estavam ali, assentadas em frente ao sepulcro, Maria Madalena e a outra Maria.


 

Pilatos manda vigiar o sepulcro

62 No dia seguinte, isto é, no sábado, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e foram até Pilatos e argumentaram:

63 "Senhor, recordamo-nos de que aquele enganador, enquanto vivia, prometeu: 'Passados três dias ressuscitarei'.

64 Manda, portanto, que o sepulcro dele seja guardado até o terceiro dia, para que não venham seus discípulos e, raptando o corpo, proclamem ao povo que ele ressuscitou dentre os mortos. E esta derradeira fraude cause mais dano do que a primeira".

65 Ao que ordenou Pilatos: "Levai convosco um destacamento! Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer".

66 Seguindo eles, organizaram um sistema de segurança ao redor do sepulcro. E além de manterem um destacamento em plena vigilância, lacraram a pedra.17



Cap. 28 - Jesus foi ressuscitado!

(Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-9)

1 Tendo passado o sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o túmulo.1

2 E eis que aconteceu um forte terremoto, pois um anjo do Senhor desceu dos céus e, chegando ao túmulo, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela.

3 O anjo tinha o aspecto de um relâmpago, e suas vestes eram alvas como a neve.2

4 Os guardas foram tomados de grande pavor e ficaram paralisados de medo, como mortos.

5 Contudo, o anjo dirigiu-se às mulheres e lhes anunciou: "Não temais vós! Sei que viestes ver a Jesus, que foi crucificado.

6 Mas aqui Ele não está. Foi ressuscitado, como havia dito. Vinde e vede vós onde Ele jazia.

7 Ide caminhando depressa e anunciai aos seus discípulos: Ele ressuscitou dentre os mortos e está seguindo adiante de vós rumo à Galiléia. Lá o vereis. Atentai para o que vos disse!".

8 As mulheres abandonaram o túmulo correndo, amedrontadas, mas com grande júbilo, e foram imediatamente anunciá-lo aos seus discípulos.

9 De repente, Jesus veio ao encontro delas e as saudou: "Alegrai-vos!" Elas se aproximaram dele, jogaram-se aos seus pés abraçando-os, e o adoraram.

10 Então Jesus lhes declarou: "Não temais! Ide e dizei aos meus irmãos que sigam para a Galiléia, lá eles me verão".


 

Os sacerdotes subornam os guardas

11 E sucedeu que enquanto as mulheres estavam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade e contaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que havia ocorrido.

12 Então, os chefes dos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e tramaram outro plano. Deram aos soldados vultosa quantia em dinheiro.

13 E lhes recomendaram que declarassem a todos: "Os discípulos dele vieram durante a noite e raptaram o corpo, enquanto cochilávamos.

14 Se isso chegar ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos a vosso favor e vos livraremos de qualquer reprimenda".3

15 Os soldados receberam o dinheiro e fizeram como haviam sido orientados. E, por isso, essa versão dos acontecimentos se conta entre os judeus até o dia de hoje.


 

A Grande Comissão

16 Os onze discípulos rumaram para a Galiléia, em direção ao monte que Jesus lhes determinara.

17 Assim que o viram, prostraram-se e o adoraram, mas alguns ficaram em dúvida.

18 Então, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.

19 Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20 ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos".4